domingo, 13 de março de 2011

Os movimentos de cidadãos não têm dono


Sob o título “Reportagem: um enorme e pacífico protesto contra o Governo”, um jornalista, que esteve envolvido no caso das escutas a Belém, procurou canalizar o descontentamento manifestado no protesto plurigeracional de 12 de Março integralmente contra o governo.
Vã se revelou essa tentativa de pôr um movimento de cidadãos ao serviço do seu amo, que deseja mandar também em São Bento: um quarto de século depois, há uma nova geração mais culta, logo mais difícil de manobrar pela comunicação social, como se poderá concluir pela leitura dos comentários à notícia.

Aqui se tira o chapéu a Mariano Gago e equipa que sabiam quão subversivo (e perigoso) era definir como primeira prioridade de um futuro governo a disseminação da Internet pelos estudantes e ousaram fazê-lo.


andré, lisboa. 12.03.2011 22:47
...
Nunca fiz um comentário em jornais on-line. mas não posso deixar passar o que foi dito nesta reportagem.
  1. Embora a iniciativa se chame geração à rasca já foi mais que debatido, e dito pelos próprios organizadores, que esta manifestação não era geracional.
  2. A manifestação não juntou milhares de pessoas contra o governo. Juntou-as contra as políticas que foram desenvolvidas em Portugal e que reforçaram a precariedade de todos nós. Ou seja, não só contra este governo, mas contra todos os anteriores que contribuíram para a actual situação, como contra a oposição que, no parlamento e fora dele, ou não pode ou não soube criar as condições necessárias para que a qualidade de vida de todos nós fosse um objectivo cumprido ou a cumprir.
  3. Ainda assim, mais do que uma manifestação contra alguma instituição ou órgão em concreto, este foi um acontecimento que mostrou que há portugueses descontentes e que são capazes de se manifestar e mobilizar.

Bruno, Lisboa. 13.03.2011 02:32
Contra o Governo?
O protesto não foi contra o governo. Foi contra o desgoverno. E a culpa não é do PS, mas sim do PS, do PSD, do PCP, do CDS, do BE e de todos os outros que compõem este sistema político.
Os mesmos que, de fininho, se tentaram associar ou "simpatizar" com este protesto, como se não fizessem parte do problema. Que continuam a brincar às políticas como se de um vicioso jogo de xadrez se tratasse e nem se preocupam em legislar e resolver alguma coisa — o que deveria ser a função deles!
Este protesto não apresenta soluções e apresenta uma única reivindicação: classe política, esta é a nossa geração, estes são os nossos problemas, agora façam aquilo que é o vosso trabalho e resolvam-nos! É para isso que vos pagam!

Nuno Rebelo, Cascais. 13.03.2011 04:01
Importa-se de voltar a escrever?
Eu nem quero acreditar no que estou a ler. Que interpretação abusiva vem a ser esta? Acaso Luciano Alvarez desceu da rua Viriato pela Fontes Pereira de Melo até à Avenida da Liberdade para ver in loco do que tratava a manifestação?
Eu estive lá, não para manifestar o desagrado para com o governo, mas por outros motivos relacionados com o manifesto da manifestação. E como eu muitos outros que lá estiveram não foram para gritar contra o governo.
Nem o jornal oficial de um partido da oposição teria a leviandade e o oportunismo de dar este título a uma notícia sobre a manifestação.

Joaquim Silva. 13.03.2011 10:28 Via Facebook
Que Público quer atingir este Público?
Mais uma vez, lamentável. Informem-se, senhores jornalistas, se não querem correr o risco de vir a ser os últimos a saber.
Há uma miríade de organizações on-line, umas com mais membros, outras com menos, umas constituindo núcleos restritos de organizações mais vastas, outras quase «intimistas» reunindo um punhado de pessoas com características mais específicas. Há quem esteja em vários grupos ao mesmo tempo, poucos são o que não estão pelo menos em duas páginas.
Para que conste: todos ou quase todos estivemos na rua ontem. E já agora: o objectivo que nos era comum a todos não é castigar este governo específico, mas acabar com um Regime que ao longo de mais de três décadas tem revelado um profundo desprezo pela sociedade civil.
Acreditem, ou não, se nos sentíssemos representados nesta «espécie de democracia», já teríamos dado conta!


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