sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nuno Crato sem papas na língua


O programa do Governo passou no parlamento sem serem apresentados votos de rejeição. PSD, CDS ou Governo também não propuseram qualquer voto de confiança.
Na apresentação do programa, a defesa da Educação por Nuno Crato foi um momento alto que desejamos aqui registar:





"É importante dar novas oportunidades a pessoas que querem prosseguir os seus estudos e não tiveram possibilidade de o fazer na altura. Mas as novas oportunidades não podem ser, pura e simplesmente, a distribuição de diplomas. As novas oportunidades devem constituir uma oportunidade para aprender mais e devem ser avaliadas no sentido em que se saiba o que significam esses diplomas.
(...)
O rigor nas escolas e o progresso das escolas não depende só de dinheiro, depende de uma série de medidas que podem ser feitas e devem ser feitas já e vou enumerar algumas. Os programas têm de ser reformulados. Há programas muito pouco exigentes. O currículo tem de ser reformulado. Não faz sentido que as crianças aprendam até ao 4º ano de escolaridade uma série de conceitos e desenvolvam capacidades de leitura e de cálculo e depois, durante os dois anos seguintes, se dispersem de forma que, passados esses anos, parece que aconteceu um retrocesso no conhecimento e no domínio das capacidades básicas.
A resolução deste problema não é fácil, mas passa por uma não dispersão das matérias no 2º ciclo de escolaridade de tal maneira que as crianças não saibam, exactamente, o que têm de estudar e passa, também, pela não generalização de métodos automáticos de resolução de problemas como seja a máquina de calcular no 2º ciclo. Não faz nenhum sentido que as coisas ainda não estejam consolidadas e já as crianças esqueçam tudo o que aprenderam.
(...)
Uma prova de acesso à profissão é uma das maneiras que temos de trabalhar para que sejam os professores melhor preparados a entrarem no sistema de ensino.
(...)
Há um problema recorrente que, confesso, não consigo compreender que é a ideia de que para facilitar a vida aos filhos dos pobres é preciso diminuir a exigência. Eu sou exactamente partidário do contrário. Acho que, se a exigência não é defendida para todos os alunos, o que acontece é que são os filhos dos mais ricos, que têm hipóteses alternativas, que acabam por progredir em detrimento dos mais pobres.
(...)
Há pouco tempo tive a oportunidade de estar numa conferencia pública em que estavam membros do seu partido
[PCP] e defendi a cultura integral do indivíduo valorizando o exemplo de Bento de Jesus Caraça que é um exemplo que eu tenho na minha mente e no meu coração.
Temos de valorizar a cultura integral do indivíduo, a história, a poesia, a astronomia, a ciência e as artes, mas também temos de ter consciência que as pessoas querem sair da escola ou da universidade e querem ter um emprego, querem trabalhar. Não podemos prescindir de uma cultura humanística em função do emprego, mas também não podemos esquecer a necessidade do emprego.
(...)
O ministério da Educação é uma máquina gigantesca que, em muitos aspectos, se sente dona da educação em Portugal. Eu quero acabar com isso."



Um ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência sem papas na língua recebeu a maior ovação de toda a apresentação do programa do Governo.


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