sexta-feira, 13 de abril de 2012

João Cravinho na Sic


João Cravinho sobre o corte dos subsídios de férias e de Natal, as rendas excessivas na energia e nas PPP e o conflito de interesses criado pelo presidente da Caixa Geral de Depósitos ser ao mesmo tempo presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB):

"[As diversas declarações que têm sido feitas pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Finanças] são um péssimo sinal para todos os portugueses, independentemente de sermos apoiantes, ou não, do governo. O sinal é mais grave até para aqueles que tinham alguma fé no governo e, nestas condições, são forçados a admitir que aquilo que hoje o governo diz, amanhã pode ser totalmente diferente e depois de amanhã ainda mais diferente. Portanto, quebrada a confiança, o problema é extremamente grave não há um segundo momento para refazer os cacos da confiança.
Em segundo lugar, isto é feito em condições tais que se põem gravíssimos problemas de justiça, de equidade e de respeito pelo princípio de igualdade que o próprio presidente sublinhou bem, antes de estar em curso o processo de promulgação.
Se bem percebo, o Tribunal Constitucional não admite o corte unilateral e arbitrário de salários da função pública e de pensões de reforma, exclusivamente, a título definitivo. Mas o que o Dr. Passos Coelho hoje nos diz é que não sabe, não se compromete, sabe lá quando, como, de que natureza. Qual é o limite que separa a doutrina do Tribunal Constitucional e este vaguear sucessivo do primeiro-ministro? Como o juízo é de conveniência política, e não tanto de direito, vamos ver o Tribunal Constitucional porventura ser solicitado a pronunciar-se e fazer o mesmo que o primeiro-ministro: vaguear."
(...)
"O que está completamente estabelecido, e tem sido registado pela troika nos seus exames, é que tudo o que são reformas profundas que afectam grandes interesses económicos e políticos estão em banho maria ou deslizando lentamente. O governo não vai cumprindo, é pouco ambicioso. Foi demitido um secretário de Estado pela EDP [Henrique Gomes, ex-secretário de Estado da Energia], é preciso dizer com toda a clareza.
O primeiro-ministro, o ministro das Finanças vão empurrando com a barriga essas reformas que o próprio governo considera absolutamente decisivas para repor o País no bom caminho."
(...)
"Para isso é que se vai fazer a famosa auditoria [da Ernst & Young às Parcerias Público-Privadas]. Como é evidente, tudo, tudo, tudo deve ser apurado com o maior rigor e frontalidade possível. E onde houver abuso deve ser denunciado e cortado.
Em relação às PPP tem passado a noção de que tudo foi feito pelos outros, pelo governo de José Sócrates, pelo governo de António Guterres, por mim, aqui estão oferecidos às feras os responsáveis. Mas, na realidade, em matéria de decisões desse tipo de finanças públicas não há ninguém que eu conheça que se possa considerar virgem, porque todos os partidos, PS, PSD, CDS, a seu tempo e a seu modo, subscreveram PPP que hoje os partidos do Governo combatem como se nada tivessem a ver com o assunto.
Dou-lhe dois exemplos concretos: a Scut do Grande Porto foi assinada pelo governo de Durão Barroso, Manuela Ferreira Leite, Valente de Oliveira quando poderiam muito bem ter deixado de assinar se tivessem então a doutrina de hoje, sem qualquer prejuízo para o Estado, mas quiseram assinar. A Scut da Costa de Prata teve um agravamento de centenas de milhões de euros porque um senhor candidato a deputado do PSD, alta figura, resolveu prometer, para ganhar alguns votos em Estarreja, uma alteração que onerou a SCUT. O caso é Marques Mendes.
Então as virgens onde é que estão? Não se pode ter um período de grande vida airada, andando por aqui e ali em libertinagem e, passado algum tempo, esquecendo tudo isso, vem-se para o campo público reclamar que se é virgem. Ninguém consegue voltar a ser virgem.
Vamos apurar a responsabilidade de todos, vamos aprender lições importantes e corrigir o que for preciso. Da minha parte estou disponível para esse debate."
(...)
"Não tenho nada a objectar que Faria de Oliveira seja porta-voz da APB. O presidente da CGD é que não pode".
"Temos um presidente da Caixa cujo salário é pago pelo lobby da banca privada?"


Pois, pois, mas há quem não se deixa enganar:

Anonimo 13 Abril 2012 - 23:44
É verdade!
Ninguém é virgem, mas que alguns têm km e km lá, isso também é inegável.

Anonimo 14 Abril 2012 - 11:02
Santa paciência...
Ó Cravinho, a verdade é apenas uma, deixe-se de tretas, de umas 100 PPP's, cerca de 40 foram feitas pelo Guterres (muitas por si) e 50 pelo Sócrates, este último, impressiona pela quantidade e pela rapidez. Ah, e era você que dizia que as SCUT's se pagavam a si próprias.


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