terça-feira, 8 de maio de 2012

Entrevista de Mário Soares ao jornal i


A idade avançada acarreta problemas de visão:


"Diz que o governo não dialoga com o principal partido da oposição. Mas até aqui têm mantido uma espécie de entente cordiale
Não tem havido uma entente cordiale. A adenda que o Partido Socialista queria acrescentar ao tratado foi completamente ignorada pelo governo. E António José Seguro disse: “Sigam o vosso caminho”. Quem está a seguir o seu caminho e a não olhar sequer para aqueles que poderiam ser seus parceiros são os sociais-democratas e o CDS. Eles que sigam o seu caminho — foi o que disse o líder do Partido Socialista e eu acho que fez muito bem em dizê-lo.

O Sr. Dr. interpretou essa expressão como um sinal de pré-ruptura…
Sim, sim. O PS sentiu-se durante um tempo obrigado
— e bem, porque foi Sócrates que assinou o primeiro acordo — a cumprir. Mas agora que já está toda a gente a falar noutra linguagem, porque é que o Partido Socialista deve continuar a ser fiel a esse acordo?

O Sr. Dr. está a dizer que o PS já não tem que se sentir obrigado a ser fiel ao acordo da troika?
Exactamente. Tudo evoluiu: o acordo da troika, a troika e o país.

Portanto, o correcto é agora o PS dizer “já não nos sentimos identificados com o acordo da troika”…
Foi o que já disseram. “Sigam o seu caminho
— foi o que disse Seguro e eu concordei com essa expressão.

Isso significa ruptura, significa que o acordo da troika pode ir ao ar?
Pode ir ao ar. Se não for pelo PS, poderá ser pela própria troika que vai ao ar.

A troika pode, ela própria, implodir?
Claro que sim. A troika entrou aqui como se Portugal fosse um protectorado. Mas não é! Isso foi um erro terrível. O primeiro-ministro, com a sua mentalidade neoliberal, disse que era preciso ir além da troika, e isso não faz nenhum sentido, no meu entender. E cada vez faz menos, à medida que a receita se vai desfazendo.

O Sr. Dr. acha mesmo que a troika está a desfazer-se por causa da guerra entre o FMI e o Banco Central Europeu?
Sim, e por causa das situações que atravessam o resto da Europa.

O caminho certo para o PS e para o socialismo europeu é cortar com o programa da troika?
Acho que esse é o caminho. A austeridade tal como a definem não tem sentido. Pode haver uma certa austeridade, sim, mas devia começar no governo. A austeridade deveria começar no governo e não nas pessoas e, sobretudo, não nos pobres e nos desempregados.

Mas nós estamos obrigados a cumprir o programa da troika
Essa obrigação foi assumida há um ano. Mas chegou ao fim. A austeridade tem limites. Aliás, até já o Presidente da República o disse."

*


Por Anónimo 8 Maio, 2012 - 09:49
Eu defendo que se acabe imediatamente com o vencimento vitalício, casa, carro e motorista do Estado que o Sr. Soares tem à custa dos contribuintes. Só depois é que o ouço.


Sousa da Ponte, UK. 08.05.2012 09:51
E o dinheiro?
Devolve-se também? Eu diria que há aqui um défice de honestidade.


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