quinta-feira, 2 de agosto de 2012

In Memoriam Eurico de Melo



Eurico de Melo
(1925 - 2012)

Licenciou-se em Engenharia Química, na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Lembro-me de vê-lo e ouvi-lo no ecrã televisivo em 1980 como ministro da Administração Interna do efémero governo de Francisco Sá Carneiro falecido, no final desse ano, num acidente de aviação.
Já não me recordo das ideias que defendia. Nessa altura dedicava todo o tempo à actividade docente e supunha que os nossos políticos também se dedicavam de corpo e alma à arte de bem governar o País.

Seguiu-se um período de instabilidade política. Em 1983 teve início o governo do Bloco Central (PS-PSD) que pediu a intervenção do FMI. Saneadas as finanças, aqueles partidos desentenderam-se e os eleitores foram chamados a pronunciar-se em finais de 1985.

Dessas eleições legislativas saiu o primeiro governo Cavaco Silva. Vimos Eurico de Melo reaparecer na pasta da Administração Interna mas também como ministro de Estado. Teve a curta vida habitual dos governos minoritários.

Cavaco Silva passou a dispor de maioria absoluta em 1987, renovada em 1991, e esperava-se que destes oito anos de estabilidade política resultasse crescimento económico e progresso cultural. Eurico de Melo é nomeado vice-primeiro-ministro e, mais tarde, é-lhe dada a pasta da Defesa Nacional.

Com a adesão à União Europeia, Portugal ia aceder, entre 1986 e 1991, aos avultados fundos estruturais comunitários necessários ao desenvolvimento de um país que tinha uma agricultura arcaica e uma frota pesqueira envelhecida.
Iniciou-se a construção de uma rede de vias de comunicação. Privatizou-se a banca nacionalizada em Março de 1975 e que, desde então, havia acumulado vultuosos prejuízos. Procurou-se adaptar a legislação portuguesa às normas comunitárias.
Distribuíram-se subsídios para destruir velhos plantios e abater a frota pesqueira. Deixou-se cair a indústria metalo-mecânica nas mãos de empresas estrangeiras que, lentamente, a foram asfixiando.

Estes factos não são, porém, da responsabilidade do político hoje sepultado em Santo Tirso. Em 1989, antes do final da primeira legislatura de maioria absoluta, Eurico de Melo saiu do governo em silêncio.

O presidente da República foi agora penitenciar-se ao seu funeral.


Sem comentários:

Enviar um comentário