sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Humor: Seguro sem compromisso!


Uma mulher de longos cabelos dorme numa cama, donde se levanta um homem que percorre um corredor na ponta dos pés, para não fazer ruído. O homem sai de um palácio já de capacete e à porta aguarda-o uma motocicleta de três rodas com motorista. Depois de um curto trajecto pelas ruas de Paris, ele entra furtivamente noutra casa com um pacote na mão, talvez com croissants. Elipse.
Sempre de capacete, o homem sai da casa, o vídeo pára, bem como o assobio musical e, sobre a imagem esbatida que associamos mentalmente à imagem da capa de certa revista, ouvimos estas palavras: "Você também, viva sem compromisso!"





"Na Euro-Assurance esforçamo-nos por satisfazer os nossos clientes, oferecendo uma entrega perfeita e deixamo-los livres para cancelar a qualquer momento, mesmo depois de apenas alguns dias connosco!
Você não fica acorrentado à sua seguradora: Euro-Assurance, o seguro on-line sem compromisso!"

Este vídeo pode não anunciar o seguro perfeito, mas caracteriza perfeitamente a mentalidade política meridional contemporânea.


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A visão de um economista europeu sobre as nossas Finanças Públicas


Jürgen von Hagen é membro do Conselho das Finanças Públicas e um dos economistas europeus de referência na área das Finanças Públicas.

Nesta entrevista ao PÚBLICO critica a ausência de reestruturação da dívida pública durante a concepção e a negociação do programa de ajustamento económico e financeiro (PAEF) em 2011, com envolvimento do sector privado. No entanto, afirma que, depois do programa começar a ser executado, tal já não era possível.
Recorda que o programa privilegiava os cortes da despesa em vez dos aumentos de impostos que acabaram por acontecer e prejudicaram o crescimento económico.

Considera que, em democracia, tem-se uma Constituição que é defendida pelo Tribunal Constitucional.

Também critica a necessidade de orçamentos rectificativos e a falta de estratégia na gestão orçamental em Portugal e aconselha o País a ter um programa cautelar para se precaver contra acontecimentos negativos.

Destacamos esta parte da entrevista:


Tinha a ideia de umas finanças públicas fora de controlo em Portugal, à semelhança da Grécia? As suas ideias em relação a isso mudaram?
Em primeiro lugar tenho de dizer que Portugal é um caso muito diferente da Grécia. Felizmente. Principalmente porque imediatamente depois das primeiras dificuldades, se começaram a ver na Grécia pessoas na rua a queimarem bandeiras e esse tipo de coisas. Fora de Portugal, penso que sempre houve a ideia de que era um país com uma muito melhor cultura política e mais apoio público ao ajustamento orçamental. Dito isto, mesmo antes de 2011, era evidente que Portugal tinha problemas com as suas finanças públicas. A despesa tinha um crescimento tendêncial de longo prazo elevado, a dívida era mais alta do que devia e, por isso, era claro que a havia vulnerabilidades orçamentais. Mas não ao nível do que acontecia na Grécia. Logo no início, ficou claro que muitas coisas não eram controladas em termos legais na Grécia. Aliás na Alemanha, a opinião pública assimilou muito rapidamente a ideia de que Portugal era o “bom aluno”. E, em certa medida, foi bom para Portugal ter os problemas da Grécia em simultâneo porque isso afastou as atenções.

Qual é a sua opinião? Temos sido o “bom aluno”?
Sim e não. Não acho que tenha sido apenas notas “A” e acho que há uma série de oportunidades perdidas neste processo de ajustamento. É claro que tem havido sucessos. Estamos agora perante a possibilidade real de regressar ao financiamento de mercado em condições razoáveis. Isso é bom, é um sucesso. Mas se se olhar para o programa de ajustamento inicial, este parecia muito mais razoável do que aquilo que se veio a verificar. O programa dava mais importância aos cortes da despesa, com muito menores aumentos de impostos do que aquilo que Portugal acabou por conseguir fazer. Houve uma tendência em 2011 para ser demasiado optimista.

Foi o programa que foi mal concebido ou a execução que falhou?
Acho que foi uma mistura das duas coisas. O programa era demasiado optimista e parte disso deve-se ao facto de termos as instituições europeias – a Comissão e o BCE – envolvidos. As instituições europeias tendem a ser, quase por definição, demasiado optimistas em relação à economia. Nenhuma destas instituições tinha experiência em programas de ajustamento orçamental e incluíram um grau elevado de optimismo porque sentiram que havia a necessidade de vender estes programas à opinião pública europeia. Mais realismo, faria com que a sua aceitação fosse mais difícil.

Com “mais realismo” quer dizer “mais tempo”?
Mais realismo quer dizer um retrato mais realista daquilo que a consolidação orçamental significa para o crescimento económico. Os governos portugueses tiveram a tendência, durante muito anos, para sobrestimar o crescimento económico nas suas previsões, mas o mesmo revelou-se verdade para os programas de ajustamento. E com este cenário mais benigno como base, assumiu-se que se poderia corrigir os desequilíbrios orçamentais muito rapidamente e ao mesmo tempo garantir um crescimento económico forte. Tudo isto acabou por se revelar demasiado optimista. Em relação à implementação, o Governo sobreavaliou a sua capacidade para cortar nas despesas. No desenho do programa, a maior parte do ajustamento era feito através do corte de despesas, mas na realidade a maior parte do ajustamento veio do aumento de impostos. Isso provocou um dano maior e mais duradouro para o crescimento económico. Se olhar para episódios de ajustamento em países europeus do início dos anos 90 até meados da primeira década deste século, há um padrão muito consistentes que mostra que os países que tentaram realizar uma consolidação através do aumento das receitas tiveram muito menos sucesso do que os países que o fizeram cortando nas despesas.

Mesmo no curto prazo?
O impacto macroeconómico no curto prazo é mais ou menos o mesmo. Mas se se aumenta os impostos, criam-se expectativas menos positivas para a economia no longo prazo. As pessoas vêem que a carga fiscal está elevada, que não compensa tanto trabalhar como se gostaria e assim criam-se expectativas mais negativas do que se cortar na despesa.

Cortar despesas como salários e pensões não tem o mesmo tipo de efeito negativo nas expectativas?
Não necessariamente. Pode ser mais ou menos o mesmo para o consumidor, mas não é o mesmo para o investimento empresarial. Mas claro que tudo depende de qual os impostos que são agravados e quais as despesas que são cortadas.

Olhando para as reduções no défice que foram conseguidas, não teria sido possível ter conseguido isto com um nível de esforço bastante menor e com menos custos sociais?
Acho que houve também uma dose significativa de azar. Quando Portugal entrou no programa de ajustamento, tanto a economia mundial como a europeia ficaram mais fracas. Quando se olha para outros programas de ajustamento, como o sueco do início dos anos 90, a situação que enfrentavam era semelhante à de Portugal, mas tinham uma conjuntura internacional bastante benigna e isso ajudou-os muito. Portugal não pode fazer muito quanto a isso. Tem de se aceitar a conjuntura económica como ela é.

Defende portanto que não havia alternativas?
Houve um momento em que se discutiu um regresso à moeda nacional, desvalorizando-a e reconquistando competitividade, mas eu acho que isso não faz sentido. Poderia ajudar no muito curto prazo, mas as consequências a prazo seriam muito mais difíceis.

E não teria sido possível ter um apoio mais forte e prolongado dos parceiros europeus, que permitisse a Portugal fazer o ajustamento de uma forma mais progressiva?
Eu olharia para essa questão de outra forma. Acho que houve uma oportunidade perdida, no início da crise, ao não envolver mais o sector privado na solução do problema da dívida. Essa oportunidade foi perdida porque a partir de determinada altura assumiu-se no discurso político que toda a reestruturação de dívida implicava necessariamente uma saída do euro. Não há qualquer regra lógica que diga isso. Mas a partir do momento em que o programa de ajustamento foi iniciado, a reestruturação deixou de ser uma opção. Deveria ter sido uma opção durante as negociações do programa.

Tanto para Portugal como para a Grécia?
Sim para os dois países. A Grécia, em 2012, acabou por ter a sua reestruturação porque se tornou inevitável. Um dos falhanços feitos no desenho do programa de ajustamento foi subestimar o caminho que a dívida pública tomou. A esperança era a de que a dívida pública em percentagem do PIB caísse muito mais do que aconteceu. E tal não aconteceu por causa do crescimento económico, mas também por causa do efeito nível. Quando se chega a níveis muito elevados de dívida torna-se muito, muito difícil colocar a economia a crescer a um ritmo satisfatório.

Essa questão não está resolvida em Portugal. Não é possível pensar ainda numa reestruturação?
Parece-me que agora já não é uma opção. E o que isto significa é que Portugal está, durante um período substancialmente longo de tempo, preso a elevados níveis de dívida, o que quer dizer que o país vai precisar de uma disciplina orçamental muito consistente e anos suficientes de excedentes primários orçamentais para baixar o rácio de dívida. O Governo prevê que a dívida apenas chegue aos 60% do PIB em 2037, com excedentes primários permanentes.

Acha isso realista?
Claro que qualquer coisa que o país possa fazer para aumentar a sua taxa de crescimento de longo prazo poderá encurtar esse período. Por isso, acho que a grande prioridades nos próximos anos tem de ser fazer crescer o crescimento de longo prazo. Não é um crescimento relacionado com o ciclo económico, não estou a falar de políticas do lado da procura, falo antes de tornar o investimento mais atractivo, especialmente no sector dos bens transaccionáveis, para que se possa ter capital estrangeiro a financiá-lo.

É esse o tipo de crescimento que começamos a ter agora?
Acho que o que estamos a ver agora é apenas uma inversão do ciclo económico negativo. E daquilo que eu estou a falar é do crescimento tendencial de longo prazo, o que para um país como Portugal tem de ser próximo de 3%. Esta seria uma meta razoável. Em termos de politicas essa deve ser a prioridade para os próximos anos, muito mais do que a procura agregada.

E é realista pensar que todos os países na Europa adoptem a mesma estratégia ao mesmo tempo e que apliquem o pacto orçamental?
Sim, esse é um problema. Em 2010 eu fui um dos autores de um estudo do Bruegel enviado para a Comissão Europeia onde se defendia como é que se devia sair do modo crise de estímulos orçamentais em que se tinha estado em 2008 e 2009. E dizia-se que os europeus deviam ver quais os países com maiores dificuldades orçamentais e permitir que esses países saíssem mais rapidamente do modo crise. Por outro lado, os outros países, incluindo a Alemanha, deviam manter estímulos orçamentais por mais tempo. Isso teria ajudado em certa medida Portugal, mas a coordenação de políticas económicas na zona euro é muito fraca e não houve qualquer acordo a esse nível.

Como é que vê o papel que o Tribunal Constitucional está a desempenhar m Portugal?
Para mim é difícil julgar. Não sou jurista e não conheço em detalhe a lei. O que temos visto é que o Tribunal tem interferido com as políticas orçamentais que o Governo aprovou. De fora, o que se pensa é que se isso acontece uma vez é um problema, mas se acontece uma segunda vez, a pergunta que se faz é porque é que o Governo não antecipou isto. O Tribunal Constitucional parece colocar muito enfase na equidade e na justiça. E esse é o seu papel. Se os governos não gostam, então devem ou mudar a constituição ou adaptar as suas políticas. Em democracia, tem-se uma constituição e esta é mantida pelo Tribunal Constitucional.

O que seria melhor para Portugal: um segundo resgate, adoptar um programa cautelar ou avançar sozinho para os mercados?
Depende daquilo que são as expectativas de longo prazo. Se Portugal pedir um segundo resgate, obviamente isso seria um sinal de que o programa assinado em 2011 não funcionou. E isso significaria que as instituições europeias provavelmente ainda iriam impor condições mais rígidas, porque pensariam “agora temos de garantir mesmo que funciona”. Sair do programa, sem qualquer outro apoio, obviamente que seria a melhor solução, uma vez que aumentaria a confiança própria do país. Mas seria muito arriscado. Seria arriscado no sentido em que se alguma coisa má acontece à economia mundial, ou se alguma coisa má acontece a um dos principais parceiros comerciais europeus, teria de se voltar à EU e dizer “afinal precisamos de mais ajuda”. Isto para mim significa que se se puder ter um programa cautelar e usá-lo como uma espécie de seguro contra eventos negativos, essa seria a boa solução.

Mas esse programa cautelar também viria com condicionalidade...
Sim. Mas o melhor cenário seria para o Governo português delinear a sua melhor estratégia orçamental para os próximos anos e depois chegar junto dos parceiros europeus e dizer: “é isto que queremos fazer, é para isto que precisamos do vosso seguro para o caso de algo negativo acontecer”. Quanto mais iniciativa deixarem para os parceiros europeus, mais condições estes irão impor. E por isso é preciso começar a olhar com muita atenção para o programa orçamental de médio prazo que o Governo vai ter de apresentar em Maio. Pensar nele como uma verdadeira decisão estratégica, muito mais do que foi feito no passado.

Estudou o processo orçamental em Portugal nos anos 90, o que acha dele agora?
Nos últimos anos houve muitas mudanças… Sim, e parte do problema está aí. Num certo sentido, pode-se dizer que não há um processo orçamental neste país porque está constantemente a ser mudado de acordo com o que é politicamente conveniente. O papel de um processo orçamental deveria ser o de guiar as expectativas e acções políticas. E o que vemos é que não é um guia, porque está sempre a mudar, não é nada transparente e ninguém percebe muito bem qual o papel de cada instituição no processo.

O que era importante fazer?
Parece-me que no orçamento há demasiados controlos legalistas por parte do ministro das Finanças, o que lhe dá a ilusão de ser muito poderoso quando, de facto, comparado com outros ministros das Finanças europeus, o ministro português parece-me ter muito pouco poder na gestão das finanças públicas.

Porquê?
Quando se cai numa situação de crise, o ministro tenta controlar tudo através de procedimentos legais. Impõe-se limites às despesas, congelamentos, autorizações para gastar, todos estes tipos de coisas que, no fim, acabam por ser um convite aos outros ministros e entidades da Administração Pública para fazerem pequenos jogos à volta das regras. E não se atinge o objectivo de verdadeiramente gerir as finanças públicas. O papel dos ministros das Finanças dos outros países europeus é bastante diferente. Em vez de fazer uma micro gestão, o ministro tem o papel de gerir os grandes agregados orçamentais. E depois o controlo legal e a micro gestão é deixada para os ministros das pastas sectoriais.

E como é que se controla a despesa?
Cada ministro tem uma despesa alocada que pode realizar. Vai ter de gerir com essa despesa, havendo penalizações se não o fizer. Claro que isso exige que cada ministro tenha capacidade de gestão que lhe permitam tomar a decisão de, quando precisa de mais dinheiro numa área, poder cortar noutra. Para o ministro das Finanças é suficiente controlar os grandes agregados. Da forma como as coisas funcionam, um dos grandes problemas é que há uma grande falta de estratégia. Um exemplo é que em Maio é apresentado um programa com previsões orçamentais de médio prazo, mas em Outubro, quando se apresenta o orçamento, ele já está completamente esquecido. Isso tem muito a ver com o facto de o ministro das Finanças estar ocupado com detalhes em vez de se centrar na definição de uma estratégia.

É por isso que temos tantas receitas extraordinárias e tantos orçamentos extraordinários?
Um dos melhores indicadores da qualidade de um processo orçamental é o número de revisões do orçamento que são feitas durante um ano. Num bom processo orçamental não deveria haver revisões, porque o próprio orçamento já devia prever o que é que se faz quando se verifica meno receita fiscal ou mais receita fiscal. O facto de haver tantas revisões em Portugal significa que quando as pessoas escrevem o orçamento em Outubro, não o levam muito a sério. Já se está à espera que haja pelo menos um orçamento rectificativo. Por isso, porquê preocuparm-se em demasia com o primeiro orçamento. E isso, claro, torna os procedimentos muito fracos.


sábado, 18 de janeiro de 2014

Feral


Um menino selvagem é encontrado na floresta por um caçador solitário e trazido de regresso à civilização. Alienado por um ambiente novo e estranho, o menino procura adaptar-se, usando as mesmas estratégias que lhe permitiram sobreviver na floresta.





Este é o tema de Feral, uma das cinco curtas-metragens animadas candidatas ao Óscar. Daniel Sousa, o realizador, é um português de 39 anos que foi viver para Providence, no Estado de Rhode Island, nos Estados Unidos, quando tinha 12 anos.

Nesta entrevista, Daniel Sousa fala das influências que a cultura portuguesa tem na sua obra. O que se sente logo no trailer do filme quando vemos rodar as velas do moinho.


sábado, 11 de janeiro de 2014

Humor irrevogável


Depois do golpe de Julho passado, graças ao qual Paulo Portas ganhou um cargo de vice-primeiro-ministro e mais umas pastas ministeriais para os centristas, mostrando claramente que põe os interesses partidários à frente dos interesses nacionais, os portugueses não vão engolir esta propaganda balofa de Pires de Lima no congresso do CDS.












sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Estaleiros Navais de Viana do Castelo: morte ou renascimento?


Decorreu hoje, no Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, a sessão de assinatura do contrato de subconcessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) entre o Estado e a empresa West Sea do grupo Martifer.





O ministro da Defesa Nacional, Aguiar Branco, recordou as privatizações da PT e da OGMA que actualmente são empresas que dão lucros, assim garantindo estabilidade aos seus trabalhadores:
"O Estado não tem de saber construir navios, nem produzir cervejas, nem gerir empresas do sector das telecomunicações ou reparar aviões", afirmou o governante, definindo o evento como o "renascimento" da construção naval em Viana do Castelo.

Aguiar-Branco recordou que, nos últimos 12 anos, os ENVC tiveram 12 conselhos de administração, 25 navios construídos e prejuízos acumulados de 100 milhões de euros, concluindo que "o Estado não é solução para os ENVC, nem para a construção naval em Portugal".

Carlos Martins, administrador da Martifer, embora preocupado com hipotéticas resistências à tomada de posse das instalações em Viana do Castelo, afirmou que está convencido do sucesso da subconcessão: "Não vamos desistir, temos o direito de entrar nos estaleiros. Se isto caísse tudo, com algum investimento íamos para Aveiro [para o estaleiro Navalria]."

Sobre as condições que vai oferecer aos trabalhadores, Carlos Martins assegura que os salários serão idênticos aos até agora praticados. No entanto, as actuais regalias dos trabalhadores dos ENVC não se manterão porque serão ajustadas às do grupo Martifer.
Por fim, revelou que, dos 400 trabalhadores dos ENVC de que a empresa West Sea precisa para laborar, dois já assinaram contrato.

****
*

____________________________________










Do justo e duro Pedro nasce o brando
(Vede da natureza o desconcerto!)
Remisso e sem cuidado algum, Fernando,
Que todo o Reino pôs em muito aperto;
Que, vindo o Castelhano devastando
As terras sem defesa, esteve perto
De destruir-se o Reino totalmente,
Que um fraco rei faz fraca a forte gente.

Luís de Camões, Lusíadas, canto III, estância 138.


Antes do início da sessão, o presidente da Câmara de Viana do Castelo depositou uma coroa de flores sobre a mesa. Uma fantochada socialista.
Devia tê-la depositado no navio Atlântida que está a apodrecer no cais do Alfeite, depois de ter sido rejeitado, em 2009, pelo governo socialista da região autónoma dos Açores quando, no continente, estava em funções o governo socialista de Sócrates.
Devia tê-la depositado nos estaleiros quando, em Junho de 2011, a administração nomeada pelo governo do PS decidiu despedir 380 dos 720 trabalhadores dos ENVC.


****
*

____________________________________










As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram;

Luís de Camões, Lusíadas, canto I, estância 1.


"Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) foram fundados em Junho de 1944, no âmbito do programa de um Governo de Salazar para a modernização da frota de pesca do largo, por um grupo de técnicos e operários especializados oriundos dos Estaleiros Navais do Porto de Lisboa, encabeçados por Américo Rodrigues, seu mestre geral.
Tinha a forma de uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada com o capital de 750 contos e como sócios capitalistas Vasco D'Orey e o vianense João Alves Cerqueira da Empresa de Pesca de Viana, proprietária de navios para a pesca do bacalhau."

Há 69 anos, trabalhadores qualificados da construção naval apoiados por empresários empreendedores conseguiram criar uma empresa de sucesso em Viana do Castelo.
Ao longo de várias décadas de actividade, os ENVC construíram mais de 220 navios: batelões, rebocadores, ferryboats, navios de pesca, de carga a granel e porta-contentores, navios tanques, transportadores de produtos químicos, petroleiros e metaneiros, cimenteiros e vasos de guerra.

Em 1975 os estaleiros foram nacionalizados. Políticos e sindicalistas foram enfraquecendo a lusa gente. Políticos e sindicalistas que não sabem construir navios.

Mas há gente que sabe. Ainda há gente, entre os trabalhadores dos ENVC, com a determinação, a audácia e o valor profissional da ínclita geração dos fundadores. O caminho não está isento de perigos, mas há que dar uma oportunidade aos novos empresários e vestir a camisola da West Sea.


Um espectáculo natural raro nas cataratas do Niágara




As cataratas do Niágara são formadas por três quedas de água, com os extremos americano e canadiano distando 1 km. Da esquerda para a direita: as Cataratas Americanas, as Cataratas Bridal Veil (Véu de Noiva) e as Cataratas Canadianas (em forma de ferradura), com as larguras 290 m, 17 m e 670 m, respectivamente. A altura da queda de água no lado canadiano é 53 m, enquanto no lado americano varia entre 21 e 30 m, devido à acumulação de pedregulhos na base.
Em média, o fluxo de água é 2800 m³ por segundo, passando 90% pelas Cataratas Canadianas. Durante o Inverno, e de noite na estação turística alta, metade do fluxo de água do rio Niágara é desviado para centrais hidroeléctricas.


O Sul do Canadá e o Leste dos Estados Unidos enfrentam, desde o início da semana, uma vaga de frio provocada por uma massa de ar frio que costuma circular sobre o oceano Árctico — o vórtice polar — que, este ano, a tempestade Hércules arrastou até latitudes mais baixas.

Nas cataratas do Niágara, situadas na fronteira entre os dois países, mais especificamente, entre o Estado de Nova Iorque e a província de Ontário, as temperaturas desceram até aos 18,8 graus abaixo de zero na terça-feira.

A paisagem revestiu-se de branco. A água congelou nas paredes rochosas e nas cristas das duas cataratas em solo americano, criando esculturas naturais de gelo em forma de estalactites. Os pedregulhos da base ficaram recobertos por uma camada de gelo.

Nas Cataratas Canadianas havia pedacitos de gelo a flutuar.



Nas cristas das Cataratas Americanas e das Cataratas Bridal Veil pendem estalactites.


Luna Island situada entre as duas cataratas em solo americano: a parede rochosa desta ilha ficou recoberta de estalactites de gelo.


O rio Niágara, a jusante das cataratas, também ficou coberto de pedaços de gelo.


Nas Cataratas Canadianas só havia pedacitos de gelo a flutuar.


10/01/2014 - 11:23
Este vídeo (0:56) mostra o fenómeno.


Em 1848 e 1936 ocorreu um fenómeno ainda mais raro: as duas cataratas situadas em território dos EUA congelaram completamente. As Cataratas Canadianas nunca congelaram.


As cataratas americanas congelaram completamente em 1936. Actualmente o destruidor de gelo colocado à saída do lago Érie e a regulação da corrente do rio impedem a redução drástica do fluxo de água por congestionamento do gelo oriundo do lago, tornando improvável a repetição do fenómeno.


Principais medidas de austeridade em 2014


Depois do presidente da República ter requerido a fiscalização preventiva da lei da convergência das pensões ao Tribunal Constitucional, e o diploma ter sido reprovado por unanimidade, o Governo procurou medidas de austeridade alternativas para cumprir o défice de 4% em 2014.
A escolha recaiu sobre a contribuição extraordinária de solidariedade (CES): passa a abranger as pensões brutas entre 1000 e 1350 euros e é agravada acima de 4611 euros, a partir do próximo mês de Abril. Os reformados com pensões brutas entre 1350 e 4611 euros não serão afectados pela revisão das regras da CES.

As principais medidas de austeridade em 2014 estão resumidas a seguir (as medidas alteradas foram sombreadas a vermelho):


  • Redução salarial na Administração Pública e Sector Empresarial do Estado ¹
    (art.33.º da Lei 83-C/2013 — OE 2014)
    • As remunerações entre 675 e 2000 euros sofrem uma redução entre 2,5% e 12%;
    • remunerações acima de 2000 euros têm um corte de 12%.
    Ver esta tabela ou usar a calculadora.


  • Subsídio de férias e de Natal (art. 35.º do OE 2014)
    • subsídio de férias: sem alteração;
    • subsídio de Natal: para trabalhadores do Estado e pensionistas continua a ser pago mensalmente em regime de duodécimos (e absorvido pelo IRS).


  • Convergência das pensões da CGA com as do regime geral
    Uma pensão da CGA é a soma de duas parcelas: a primeira tem como referência o último salário de 2005 (a que se deduzia o então desconto de 10% para a CGD, actual 11%) enquanto a segunda se baseia na média dos salários recebidos a partir de 2006.

    Portanto há funcionários públicos que estão a receber uma pensão equivalente a 90% do último salário. O objectivo é passar para apenas 80%, o que implicará um corte de 10% na parcela da pensão calculada com base no último salário.

    Não sofrerão cortes os pensionistas com rendimentos mais reduzidos: os valores mínimos protegidos são
    • 600€ para pensões de velhice e 419€ para pensões de sobrevivência, se os pensionistas tiverem idade até 75 anos;
    • 750€ e 450€ se tiverem idade superior a 75 anos e inferior a 80 anos;
    • 900€ e 500€ se tiverem idade superior a 80 anos e inferior a 85 anos;
    • 1050€ e 550€ se tiverem idade superior a 85 anos e inferior a 90 anos;
    • 1200€ e 600€ se tiverem idade superior a 90 anos.


  • Contribuição extraordinária de solidariedade (CES) (art. 76.º do OE 2014)

    Quando o valor mensal global das pensões de um único titular se situar
    • entre 1350 e 1800 euros: sofre um corte de 3,5% sobre a totalidade.
    • entre 1800,01 e 3750 euros, além do corte de 3,5% sobre 1800 euros, tem um corte adicional de 16% sobre o montante que exceda os 1800 euros.
    • superior a 3750 euros: corte de 10% sobre a totalidade;
      • tem um corte cumulativo de 15% sobre o montante que exceda 5030,64 euros (doze vezes o IAS = 419,22 euros) mas não ultrapasse 7545,96 euros (dezoito vezes o IAS);
      • tem um corte cumulativo de 40% sobre o montante que exceda 7545,96 euros.
    A CES só acumula com a redução das pensões da CGA (para convergência com o regime geral da segurança social) na parte que exceder esta redução. Portanto um aposentado da CGA só vai sofrer o corte CES se o valor mensal global das suas pensões for superior a 5030 euros.


  • Contribuição extraordinária de solidariedade (CES) (Lei 13/2014 - Orçamento rectificativo)

    Quando o valor mensal global das pensões de um único titular se situar
    • entre 1000 e 1800 euros: sofre um corte de 3,5% sobre a totalidade.
    • entre 1800,01 e 3750 euros, além do corte de 3,5% sobre 1800 euros, tem um corte adicional de 16% sobre o montante que exceda os 1800 euros.
    • superior a 3750 euros: corte de 10% sobre a totalidade;
      • tem um corte cumulativo de 15% sobre o montante que exceda 4611,42 euros (onze vezes o IAS = 419,22 euros) mas não ultrapasse 7126,74 euros (dezassete vezes o IAS);
      • tem um corte cumulativo de 40% sobre o montante que exceda 7126,74 euros.
    O Governo explica aqui que Portugal é o terceiro país da União Europeia que mais gasta em pensões, responde a perguntas frequentes sobre a CES e divulgou um simulador (aviso: não permite calcular a pensão líquida porque a CES também incide sobre o duodécimo do subsídio de Natal; além disso, as tabelas de IRS foram alteradas).
    Também divulga uma tabela, mas aconselhamos esta tabela porque é mais extensa e mostra a diferença entre a CES inicial e a nova CES.


  • Subvenções vitalícias (art. 77.º do OE 2014)
    Passam a ter condição de recursos anual: um rendimento médio mensal, excluindo a subvenção, superior a 2000 euros ou um património mobiliário superior a 240 vezes o valor do indexante dos apoios sociais (IAS), ou seja, 100.613 euros.
    • É suspensa para os beneficiários que verifiquem, pelo menos, uma das condições de recursos.
    • Para os restantes, a subvenção fica limitada à diferença entre 2000 euros e o rendimento médio mensal, excluindo a subvenção.


  • Pensões de sobrevivência dos cônjuges e ex-cônjuges ¹ (art. 117.º)
    Também passam a ter condição de recursos: quando o valor mensal global das pensões de um único titular se situar
    • de 2000,00 a 2250,00 euros, a pensão de sobrevivência é reduzida de 12% se for da CGA, ou 10% se for do regime geral da Segurança Social;
    • de 2250,01 a 2500,00 euros, é reduzida de 14% ou 15%;
    • de 2500,01 a 2750,00 euros, é reduzida de 20% em ambos os casos;
    • de 2750,01 a 3000,00 euros, é reduzida de 24% ou 25%;
    • de 3000,01 a 4000,00 euros, é reduzida de 32% em ambos os casos;
    • superior a 4000 euros, é reduzida de 34% ou 35%.
    O efeito desta medida é estimado em 100 milhões de euros.


  • IRS (art. 175.º)
    Os escalões de IRS, bem como as deduções pessoais e à colecta, não serão actualizados com a taxa de inflação.


  • Sobretaxa (art. 176.º)
    3,5% sobre a parte do rendimento colectável do IRS que exceda o valor anual da retribuição mínima mensal garantida.

  • Taxa adicional de solidariedade (TAS)
    • 2,5% para rendimentos colectáveis entre 80 000 até 250 000 euros (quinto escalão do IRS).
    • 5% para rendimentos colectáveis acima de 250 000 euros.


  • Contribuições extraordinárias sobre os sectores bancário e energético (art. 215.º-217.º)
    • A contribuição sobre o sector bancário representa um aumento de receita de 50 milhões de euros.
    • A taxa da contribuição sobre o sector energético é de 0,85%, representando um aumento de receita de 100 milhões de euros.
    O impacto estimado é 150 milhões de euros.

  • IRC
    O imposto sobre o rendimento das empresas diminui para 23% dos lucros tributáveis.
    • sobre o lucro superior a 1,5 milhões de euros e até 7,5 milhões de euros acresce uma Derrama Estadual de 3%.
    • sobre o lucro superior a 7,5 milhões de euros acresce uma Derrama Estadual de 5%.


  1. Actualização em 30 de Maio de 2014

    Foram declaradas inconstitucionais algumas destas medidadas de austeridade: os cortes salariais de 2014, as novas formas de cálculo e redução de pensões de sobrevivência e as normas que sujeitam os subsídios de doença e desemprego a uma contribuição de 5% e 6%, respectivamente.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Uma tempestade com ondas de longo período


Anteontem, uma enorme onda galgou os muros da marginal na foz do Douro, no Porto, varrendo duas dezenas de automóveis e derrubando pessoas que aí se encontravam.




06.01.2014 23:33
Foz do Douro, no Porto


Forte ondulação ocorreu em toda a orla costeira portuguesa, do Norte ao Algarve, sendo registadas outras ondas massivas em vídeos amadores.
Bombeiros e Polícia Marítima não tiveram mãos a medir. A Autoridade Nacional de Protecção Civil emitiu na tarde desse dia novo aviso à população para precipitação, vento forte, neve e agitação marítima, nomeadamente para a ondulação de noroeste, que poderia atingir 16 metros na costa da região Norte e Centro e de 14 a 15 metros na região Sul.
Toda a costa de Portugal continental foi posta sob alerta vermelho — o mais grave da escala do Instituto Português e da Atmosfera (IPMA) — devido à agitação marítima.


08 Jan, 2014, 14:09
Leça da Palmeira

07/01/2014 - 15:19


Era a chegada a Portugal da tempestade Hércules que está a provocar um frio glacial nos Estados Unidos e forte agitação marítima na Grã-Bretanha, França e Espanha:



08/01/2014 - 09:28


No entanto, o que confere a estas ondas um potencial altamente destrutivo não é apenas a altura. Na segunda-feira, os ondógrafos de Leixões e Sines mediram a passagem de ondas de 13,5 e 15 metros, respectivamente. Nada que não tenha acontecido noutros anos.

Segundo Fernando Veloso Gomes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e especialista em Hidráulica Costeira, estas ondas têm um período muito mais longo do que noutros temporais de Inverno.
Num temporal “normal” de Inverno, a duração de uma onda ronda os 10 a 12 segundos. Anteontem, algumas tinham períodos superiores a 25 segundos.
Vimos pessoas nos vídeos online a falar em tsnunami e, embora não seja comparável, há aqui um paralelo com as ondas de longos períodos que caracterizam esses fenómenos”, explica o investigador, lembrando que estas avançam costa adentro, não em altura, mas em comprimento, como se viu no Porto ou na Póvoa de Varzim, onde o mar venceu o longo areal e inundou a marginal, cumprindo esta, literalmente, o nome de Avenida dos Banhos.

O tenente Quaresma dos Santos, da Divisão de Oceanografia do Instituto Hidrográfico, concorda com esta fundamentação. O efeito foi potenciado também pelo “empilhamento da massa de água junto à costa”, por força dos ventos de sudoeste dos últimos dias que criaram uma maré meteorológica, fazendo subir o nível do mar de 1 a 1,5 m acima do expectável. Assim explica que as ondas se estendam praia acima e sejam capazes de galgar quebra-mares e outras estruturas, como os muros nas marginais, com os efeitos visíveis um pouco por toda a orla costeira do país.

Contudo estes especialistas alertam que tempestades como esta sempre existiram, embora com uma periodicidade média larga. O que nos impressiona são os estragos cada vez maiores que causam.
Mas isso, notam ambos, resulta da ocupação de cada vez mais espaço junto ao mar com estruturas de lazer e restauração que acabam por ser muito danificadas ou destruídas por estes temporais.

No caso dos bares e restaurantes, Veloso Gomes é peremptório: “Se os queremos lá, que as vistas são bonitas, que estejam — desde que não seja o contribuinte a pagar a sua reposição”.
O professor da Universidade do Porto acrescenta que não se podem pôr fitas a impedir o acesso das pessoas a todo o lado onde haja risco, mas acentua a necessidade de as educar para o risco que o mar representa: “Felizmente, não tivemos mortos”, ao contrário do que aconteceu na Galiza (três vítimas) e em França (uma).

As pessoas têm de ter a noção que estamos numa costa atlântica, que pode ser muito energética”, corrobora o especialista do Instituto Hidrográfico, procurando também educar a população.


Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, calcula que a massa de uma destas ondas, com apenas 8 m de altura, atinge 80 000 toneladas:

"A razão do potencial destruidor das ondas deste último temporal é o facto, pouco habitual, de terem sido ondas de longo período, na ordem dos 20 s (atípico), correspondendo a um comprimento de onda de cerca de 600 m. Estas ondas são ondas de fortíssima energia que atingem a costa a uma velocidade de 30 m/s. Feitas as contas, para uma altura de 8 m, estas ondas correspondiam a uma massa de água de cerca de 80 000 m³ numa extensão de 100 m de onda. Uma autêntica parede de água demolidora. Devido à sua forte energia, e ao facto de as praias terem no inverno uma configuração dissipativa, estas ondas têm um longo espraio, sobre-elevando (ou empolando) a superfície do mar (apenas localmente junto à costa), com grande alcance de galgamento.
Ao contrário do que o IH diz, não houve sobre-elevação meteorológica. O Marégrafo de Cascais registou sobre-elevações muito baixas da ordem de apenas alguns cm, pelo simples facto de não termos tido uma depressão barométrica (ao contrário de outras tempestades). Se isso tivesse acontecido em conjugação (acompanhado de uma depressão), os impactos e estragos seriam muito maiores.
Um outro facto, que terá confundido os que afirmaram ter havido uma sobre-elevação, é o de ter acontecido em marés ainda vivas com 3,5 m de altura.
"

E prevê:

"Já esta nova tempestade no Atlântico Norte, prevista para a próxima semana (dia 13) terá um impacto menor que a desta semana, pois estas ondas virão com períodos menores, os típicos 14-15 s. (...) Outra razão, para o menor impacto, é chegar num dia de marés intermédias, 3,2 m de altura em PM (preia-mar) e a altura das ondas também será ligeiramente menor.
Também não haverá sobre-elevação meteorológica, pois a PA
(pressão atmosférica) estará nos 1020 hPa.
Com períodos de 14 s, terão comprimentos de onda de 300 m e uma velocidade de 22 m/s, correspondendo a metade do volume de água, comparativamente às ondas do passado de dia 7. Ou seja, estas ondas terão metade da energia potencial e menos 1/3 da velocidade das ondas de dia 7.
Contudo há que ter muita atenção e cuidado junto das praias, pois, como estas perderam grandes quantidades de areia, haverá menos resistência à rebentação e ao espraio das ondas, prevendo-se naturalmente algum galgamento e destruição das estruturas mais expostas.
"


Propagação das ondas (a azul) em águas profundas. A animação demora 3 períodos e mede 1 comprimento de onda.
A trajectória de seis das partículas de água (a azul claro) mostra que há transporte de matéria. A velocidade de propagação das ondas é muito maior que a velocidade do fluxo de partículas de água.


Uma onda é uma perturbação que viaja através da matéria, ou do espaço, com transferência de energia. As ondas transferem energia de um ponto para outro, muitas vezes sem deslocamento permanente das partículas do meio, ou seja, muitas vezes não há transporte de massa.

A expressão matemática da propagação das ondas — função de onda — é

ψ(x,t) = a sen (2
π x/λ - 2π t/T)

onde
____________________
ψ = função de onda
x = espaço
t = tempo


________________________
a = amplitude (metade da altura da onda)
λ = comprimento da onda
T = período da onda (tempo ao fim do qual o fenómeno se repete)

Portanto, no caso das ondas desta tempestade

ψ(x,t) = 4 sen (2
π x/600 - 2π t/20)

Infelizmente muitos docentes de Matemática e de Física dos ensinos básico e secundário têm esquecido a função de transmitir estes conhecimentos aos seus alunos e aos encarregados de educação: é preciso voltar a ensinar.



A Storm is Coming, Miguel Oliveira, Porto, Portugal


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Respeitem o morto!


O menino pobre que se tornou mundialmente conhecido pelo talento em jogar à bola, pediu para dar uma última volta ao relvado do Estádio da Luz antes de ser sepultado. Só desejou voltar ao relvado do clube dos seus afectos desde a infância. Mais nada.






Quis o Governo homenageá-lo, decretando três dias de luto oficial. Eusébio esforçou-se, trabalhou o seu dom inato, tornou-se num dos melhores jogadores de futebol da sua época e conseguiu dignificar o seu País nos estádios por esse mundo fora, sendo o português que mais difundiu o nome de Portugal: mereceu essa recompensa.
Caso raro, até o presidente da República conseguiu ler com inflexões na voz uma declaração singela e sentida, que humilde e humano era o homenageado.

Agora esta ideia da vice-presidente do PSD de pedir que os restos mortais de Eusébio sejam transladados para o Panteão Nacional, daqui a um ano, é puro aproveitamento político para catapultar o partido nas legislativas de 2015.
Diz o artigo 2º/1 da lei 28/2000: “As honras do Panteão destinam-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Eusébio era um homem simples que adorava jogar futebol e dar aos entusiastas desse desporto a alegria dos golos e das vitórias. Não procurem confundir as pessoas.

Por seu lado, a facção socialista de António Costa resolveu obrigar o corpo de Eusébio a percorrer duas vezes a Segunda Circular, o Campo Grande, a Avenida da República, o Saldanha, a Avenida Fontes Pereira de Melo, o Marquês de Pombal, a Avenida da Liberdade, os Restauradores e o Rossio para passar em frente aos Paços do Concelho, com o pretexto da vereação de Lisboa lhe prestar homenagem (De regresso à Luz, será rezada missa na igreja e depois terá lugar o cortejo fúnebre).
Que hipócritas! Mexam as pernas, façam exercício físico para diminuir os volumosos ventres e vão ao Estádio da Luz ou à igreja prestar os respeitos que considerem devidos ao falecido.

Quanto à extrema-esquerda, ontem o silêncio foi ensurdecedor.
Como Eusébio nunca se envolveu na política, passou a jogar em clubes dos EUA a partir de Março de 1975 e foi medalhado em 1966 por Salazar — e o futebol usado para entreter e dar ânimo aos portugueses pobres na década de 60 —, foram lentos a vir reconhecer o mérito de um homem que tornou felizes os seus compatriotas através de um espectáculo desportivo popular.
É outra a escolha deles para alimentar as multidões: drogá-las com a propaganda marxista, apesar desta ter sido repudiada pelos povos que a provaram; ou mesmo, em sentido literal, entorpecê-las com a cannabis.
Criticam a população portuguesa por acreditar em Fátima e apreciar o Fado e o Futebol. Mas não os vejo preocupados com o esvaziamento mental das multidões que aplaudem líderes com pés de barro em manifestações monumentais de partidos socialistas internacionalistas — que defendem as democracias populares onde a liberdade de expressão é punida com a pena de morte — e me recordam os comícios, também monumentais, do partido nacional-socialista — Nationalsozialisten — de Hitler, responsável pelo Holocausto. Nem os vejo preocupados com o aparecimento de bandos de excluídos a drogarem-se em casas de chuto.

A morte de Eusébio está a pôr a nu o lado vergonhoso e nojento dos políticos portugueses que tudo aproveitam para conquistar votos. Nada que cause surpresa. Gente que se governou, e continua a governar-se, à sombra do 25 de Abril, gente que não tem competência profissional — por isso abraçam a política —, nem qualquer referencial de ética. Que esta gente aprenda a respeitar os mortos.


domingo, 5 de janeiro de 2014

In Memoriam Eusébio




Eusébio (1942-2014)


"Portugal perdeu hoje um dos seus filhos mais queridos: Eusébio da Silva Ferreira.

Quero, antes de mais, exprimir à Família de Eusébio as minhas mais sentidas condolências.

O País está de luto. Com muita tristeza, os Portugueses vêem partir uma das figuras nacionais que mais admiravam.

Ao longo da sua vida, Eusébio conquistou o carinho e a estima de todos nós. Por ser um desportista de excepção, dos melhores do mundo, que tantas glórias trouxe a Portugal.

(...)
Dentro do campo, entregava-se com paixão para alcançar a vitória. Representou a Selecção Nacional com uma dedicação sem limites.

Todos recordamos o dia em que saiu do campo em lágrimas, chorando por Portugal.

As lágrimas de Eusébio, nesse dia, são as nossas lágrimas, no dia de hoje.
"


In declaração do Presidente da República a propósito do falecimento de Eusébio





Final da Taça dos Campeões Europeus 1962, em Amsterdam: Benfica 5 - Real Madrid 3, com dois golos de Eusébio.



Quartos-de-final do Mundial 1966, em Inglaterra: o mítico Portugal 5 - Coreia do Norte 3, com quatro golos de Eusébio.



Meia-final do Mundial 1966: lágrimas no fim do jogo Inglaterra-Portugal perdido por 2-1.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Os homens do aço


Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) foram fundados em Junho de 1944, por um grupo de técnicos e operários especializados oriundos dos Estaleiros Navais do Porto de Lisboa, encabeçados por Américo Rodrigues, seu mestre geral.

Ainda há gente, entre os trabalhadores dos ENVC, com o valor profissional dos fundadores. Vamos falar de dois no meio de 609. Hermenegildo Silva e Jorge Miranda são cortadores de aço.

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) chegaram a empregar várias dezenas de homens nesta área. Hoje restam apenas Hermenegildo Silva, o mais antigo cortador de aço ainda em funções nos estaleiros, Jorge Miranda e três ajudantes. Os outros aposentaram-se ou faleceram.

Num estaleiro, um grande navio não se constrói sem corte de aço. Hermenegildo e Jorge trabalham no “berço”.
A última vez que trabalharam no corte do aço foi para construir os dois navios de patrulha oceânica encomendados pela Marinha. A última destas embarcações foi entregue à Marinha no passado dia 16 de Dezembro, em Viana do Castelo.
Ainda fizeram algumas reparações com trabalho de aço, como a do Gil Eannes, o velho navio-hospital construído pelos próprios estaleiros em 1955, mas as duas máquinas de corte há muito que estão paradas.

São máquinas que valem no mercado cerca de um milhão de euros. A última a ser adquirida está funcional mas a outra, mais antiga, precisava de reparação:
A máquina de corte de plasma submerso não está muito funcional porque, além de corte, ela escreve na chapa. A impressora já não escreve porque está avariada. O software é caro e o estaleiro não quis investir. Também era preciso substituir peças. Como não são substituídas, a máquina avaria com mais frequência”, explica Hermenegildo.

Dos seus 46 anos de vida, Hermenegildo trabalhou trinta e um nos ENVC. Foi toda uma vida profissional. Jorge trabalhou lá metade dos seus 36 anos. Temem que a extinção da empresa mate a arte que o resto do país já perdeu e que o saber não chegue à geração seguinte.

Hermenegildo foi maçariqueiro, depois operador de máquinas pantógrafos, equipamento que reproduzia o molde da embarcação no aço e chegou a operador de máquinas de controle computorizado. O nome da função foi mudando à medida que a tecnologia evoluiu e permitiu aos ENVC manterem-se anos na vanguarda da construção de navios.
Ainda se recorda de ter cortado navios com um maçarico. Um trabalho minucioso, rigoroso, de mestre-alfaiate: “Faziam-se moldes de madeira que se colocavam em cima da chapa. Depois riscava-se à volta do molde e a seguir, com maçaricos, fazia-se o corte da chapa. Eram indivíduos muito bons a fazer esse trabalho. Tinham uma mão certa que não tremia”.
Depois vieram as máquinas que reproduziam o molde feito pelos desenhadores e através de fotocélulas “passavam por cima do risco e cortavam o aço”.
Nos últimos anos, tudo passou a ser informatizado: “O próprio sistema de corte é totalmente diferente. Com a máquina de corte de plasma submerso, as chapas são colocadas debaixo de água e o plasma, um sistema de corte de descarga eléctrica, de ozono e água, faz o trabalho muito mais rápido, limpo e sem barulho”.
O equipamento mais evoluído é mesmo o corte a laser, mas isso é tecnologia muito cara”, explica.

Ensinou o ofício a muitos colegas. Jorge foi um deles. Entrou na empresa, em 1995, como soldador mas decidiu apostar no corte: “Pensei que podia ser uma coisa para o futuro. Na soldadura há muita gente no país e fora do país, mas para o corte há muito pouca gente”.

Hermenegildo recorda, na segunda metade da década de 70 e nos anos 80, algumas grandes séries produzidas para a ex-URSS. Também guarda na memória o trabalho que deu o “Aurora”, a construção número 206 encomendada pelos EUA. Entregue em 2000, a embarcação de transporte de produtos químicos foi um desafio na época: “Era monstruoso e isso ficou-me gravado”.
Mais recentemente, os dois navios de patrulha oceânica construídos para a Marinha portuguesa colocaram toda a empresa à prova pela complexidade. Jorge explica: “São projectos muito exigentes mas nós estamos feitos para construir navios, sejam difíceis ou fáceis. Adaptamo-nos bem a novos desafios. Só quero que nos deixem criar navios que é uma coisa que não nos estão a deixar fazer”.

Em Janeiro, a West Sea, a nova empresa criada pelo grupo Martifer, vencedor do concurso da subconcessão dos terrenos, infra-estruturas e equipamentos dos ENVC, deverá assumir a subconcessão dos estaleiros. Promete recrutar 400 dos actuais 609 trabalhadores, mas tudo dependerá da carteira de encomendas.

Hermenegildo e Jorge interrogam-se se irão integrar os quadros do novo dono dos estaleiros.
Sou novo para a reforma e velho para arranjar emprego. Não sei se a nova empresa [a West Sea] está interessada em mim. Não sei se já tem trabalhadores qualificados nesta área. E depois é preciso ver se as condições são aceitáveis”, afirma Hermenegildo.
Jorge já pensou nos estaleiros da Galiza, mas não sabe se lá terá uma oportunidade: “Não sei se eles têm este tipo de máquinas de corte. Nesta altura não sei o que irei fazer, está tudo muito confuso”.

A construção naval galega vai de vento em popa. A uma centena de quilómetros de Viana do Castelo, em Vigo, os estaleiros de Barreras, com participação pública e privada, têm carteira de encomendas garantida para os próximos anos no valor de 300 milhões de euros.
Além dos cinco navios já contratados com a empresa petrolífera mexicana Pemex, há outro contrato, praticamente fechado, para a construção de um hotel flutuante. A procura de encomendas para os estaleiros galegos tem sido uma aposta do governo regional dentro e fora do país.





Mensagem do Ano Novo 2014 de Cavaco Silva


A mensagem de Ano Novo do Presidente da República foi um discurso equilibrado mas prolixo.
O maior defeito, porém, foi ter sido lida no ponto electrónico com um olhar mortiço e uma expressão sombria que contradisseram a boa nova do fim da recessão económica, o elogio ao esforço desenvolvido pelos empresários e trabalhadores portugueses para aumentarem as exportações e o apelo à esperança do 25 de Abril e à mobilização dos partidos políticos em torno de objectivos de interesse nacional.

Ou talvez Cavaco Silva tenha sido sincero: não quis transmitir a convicção, que não sente, de que os partidos políticos portugueses estão preocupados com algo mais que os mesquinhos interesses partidários.





"Boa noite,

No início deste novo ano, quero saudar todos os Portugueses.

Faço votos de que 2014 seja um tempo de mais esperança.

No ano que terminou, o Programa de Assistência Financeira subscrito por Portugal em 2011 com as instituições internacionais continuou a exigir pesados sacrifícios à maioria dos Portugueses.

O desemprego manteve-se em níveis muito elevados. Muitos jovens tiveram de procurar no estrangeiro oportunidades de futuro que não encontraram no seu país.

Portugueses com idades entre os 45 e os 65 anos, detentores de experiência e conhecimentos profissionais, foram duramente atingidos na sua dignidade, ao serem colocados perante o risco de não conseguirem regressar ao mercado de trabalho.

Num período particularmente adverso, em que muitos foram afectados pela crise de forma dramática, os nossos cidadãos continuaram a revelar coragem e grande sentido de responsabilidade, fazendo ouvir a sua voz em defesa de uma distribuição mais justa dos sacrifícios.

Importa não esquecer que Portugal chegou, no início de 2011, a uma situação de colapso financeiro iminente, que levou o Governo de então a solicitar o auxílio de emergência das instituições internacionais.

Hoje, existe a consciência clara de que não era possível continuar a caminhar rumo àquilo que, na altura devida, classifiquei de “situação explosiva”.

Apesar da redução dos padrões de bem-estar, a liberdade e os direitos de cidadania não foram postos em causa.

Orgulhamo-nos de viver numa democracia consolidada e estável, num regime onde os cidadãos gozam de direitos fundamentais que não podem deixar de ser respeitados.

As instituições dispõem de plena legitimidade democrática, a legitimidade que lhes
advém do voto do povo, expresso em eleições livres.


Portugueses,

O crescimento da economia é a chave para conter a austeridade a que o País tem estado submetido.

No ano findo, surgiram sinais que nos permitem encarar 2014 com mais esperança.

Portugal saiu da recessão em que estava mergulhado desde finais de 2010.

A produção nacional cresceu no segundo e no terceiro trimestres de 2013 e o desemprego diminuiu.

As exportações e o turismo têm vindo a registar um comportamento muito favorável.

Na agricultura têm surgido exemplos notáveis de dinamismo que importa estimular.

Os níveis de confiança dos consumidores e dos empresários têm vindo a melhorar.

Os exemplos que tenho encontrado, um pouco por todo o País, de jovens empreendedores que não se resignam, que não baixam os braços, devem ser motivo de inspiração para os Portugueses.

Não é ainda possível afirmar que as dificuldades estejam ultrapassadas e que a economia portuguesa tenha ganho a dinâmica de crescimento sustentado que desejamos alcançar.

Mas há que reconhecer o extraordinário esforço desenvolvido pelos nossos empresários e trabalhadores para vencerem obstáculos e encontrarem novos mercados para a produção nacional, sobretudo fora do espaço europeu.

É fundamental que, em 2014, a acção dos agentes políticos e as políticas públicas sejam orientadas para a consolidação dos sinais de recuperação económica e para o reforço do clima de confiança que se têm vindo a verificar.

Por outro lado, o diálogo e a concertação entre os poderes públicos e os parceiros sociais constituem factores da maior importância para construirmos juntos um futuro melhor.

Em Maio deste ano chega ao fim o Programa de Assistência Financeira que Portugal estabeleceu com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional para obter os empréstimos indispensáveis para assegurar o financiamento do Estado e da economia.

Com o fim do Programa de Assistência, Portugal ficará dependente dos mercados e dos investidores internacionais para obter os meios financeiros de que necessita.

O acesso aos mercados de financiamento externo, a taxas de juro razoáveis, exige que a conclusão do programa de ajustamento seja feita com sucesso.

Este é um objectivo fulcral, que tem no Orçamento de Estado para 2014 um instrumento da maior relevância.

Um novo programa de assistência financeira, geralmente designado por «segundo resgate», significaria a continuação da política de austeridade e a deterioração da credibilidade e da imagem de Portugal.

Seria elevado o risco de regredirmos para uma situação mais gravosa do que aquela em que actualmente nos encontramos.

Há razões para crer que Portugal não necessitará de um segundo resgate.

Um programa cautelar é uma realidade diferente. Temos razões para contar com o apoio dos nossos parceiros europeus no acesso aos mercados financeiros.

Neste contexto, de todos os agentes políticos, bem como dos agentes económicos e sociais, exige-se a máxima ponderação e bom senso, um sentido patriótico de responsabilidade.

A todos, estejam no governo ou na oposição, impõe-se estar à altura do momento crucial que vivemos.

Devemos preparar-nos seriamente para o período pós-troika.

É uma ilusão pensar que, no dia em que encerrar o actual Programa de Assistência Financeira, todos os nossos problemas ficarão resolvidos e poderemos regressar a um período de despesismo e endividamento descontrolado.

Queremos que o período pós-troika seja um tempo de crescimento da nossa economia, de criação de emprego, de melhoria das condições de vida dos portugueses, de equilíbrio das contas públicas.

Por isso, é essencial que estejamos bem conscientes das regras de disciplina orçamental e de supervisão das políticas económicas a que Portugal, tal como todos os outros países da Zona Euro, estão sujeitos.


Portugueses,

Como sabem, em Julho passado, propus ao País que as forças políticas alcançassem um acordo de médio prazo, um “Compromisso de Salvação Nacional”.

Estou firmemente convicto de que o crescimento da nossa economia, a criação de emprego e as condições de vida dos Portugueses no período pós-troika beneficiariam de forma decisiva se fosse estabelecido um compromisso político de médio prazo em torno de grandes objectivos nacionais e de políticas públicas essenciais ao nosso futuro colectivo.

Trata-se de um desígnio que vai muito para lá de cálculos eleitorais ou de estratégias partidárias.

A questão é nacional, não é partidária.

Exige-se a todas as forças políticas, sem excepção, que compreendam de uma vez por todas: o que está em causa é o futuro de Portugal, o futuro das novas gerações.

Portugal é um dos países europeus onde o diálogo e o consenso entre os partidos políticos têm sido mais difíceis, quando deveria ocorrer precisamente o contrário.


Portugueses,

Este ano iremos celebrar o quadragésimo aniversário do 25 de Abril, a revolução que trouxe aos Portugueses a democracia e a liberdade, bem como uma promessa de desenvolvimento e justiça social.

A Presidência da República irá assinalar essa data com a realização de uma conferência internacional centrada no Espírito da Democracia, na Cultura do Compromisso e nos Desafios do Desenvolvimento.

Devemos celebrar o 25 de Abril com sentido de futuro, seguindo as lições que a História nos legou.

Quando os Portugueses se uniram aos militares em nome da liberdade, foi possível construir um novo regime.

Quando os Portugueses lutaram contra as forças antidemocráticas, foi possível construir uma democracia constitucional.

Quando os Portugueses se uniram àqueles que lideraram a adesão às Comunidades Europeias, integrámos um projecto partilhado por milhões de seres humanos.

Quando as forças democráticas, largamente representativas do povo português, souberam alcançar um entendimento patriótico, passámos a dispor de um texto constitucional mais favorável ao processo de transformação e modernização da economia e da sociedade.

Vivemos hoje num país livre, numa democracia consolidada, somos membros de pleno direito da União Europeia.

Tudo isto só foi possível porque, nos momentos decisivos, soubemos ver para além da espuma dos dias, alcançando compromissos em torno dos grandes objectivos.

Partilhamos os grandes desígnios: a democracia e a liberdade, o progresso e o desenvolvimento, a pertença à União Europeia.

Este é um património colectivo que não podemos perder por causa de querelas conjunturais.

Se pensarmos como era Portugal há 40 anos atrás e como é nos dias de hoje, concluiremos que o país mudou muito — e mudou para melhor.

É certo que o caminho não foi fácil e nem todos os problemas estão resolvidos.

Mas o que a História nos mostra é que só quando fomos capazes de estabelecer compromissos e de nos unir é que triunfámos nos momentos essenciais.

Hoje, em 2014, vivemos um momento essencial.

Por isso, como tenho vindo a sublinhar, é imprescindível que as forças políticas actuem com espírito construtivo, colocando os interesses reais dos Portugueses acima dos interesses partidários.

O que está em causa é Portugal inteiro.

O que está em causa é o futuro de todos os Portugueses, dos Portugueses que aspiram a viver num país melhor e mais justo.

Os Portugueses não exigem aos responsáveis políticos mais do que têm exigido a si próprios: sentido de responsabilidade, seriedade de propósitos e capacidade de trabalhar em conjunto para atingir objectivos comuns.

O que fizermos este ano irá condicionar o nosso futuro durante muitos anos.
2014 será um ano decisivo. Estou certo de que os Portugueses estão bem conscientes disso.

Espero, pois, que todos os agentes políticos, económicos e sociais saibam estar à altura das exigências do futuro e das legítimas aspirações do nosso povo.

A todos os Portugueses, desejo um Bom Ano Novo."


Feliz Ano Novo 2014


Para desejar a todas as pessoas um Bom Ano Novo, o Google criou hoje um logotipo especial — um Doodle — que aqui recordamos:





31.12.2013 14:46
A Nova Zelândia é um dos primeiros países a dar as boas-vindas ao Ano Novo. A cidade de Auckland festejou a chegada do ano 2014 com fogo-de-artifício quando, em Lisboa, eram 11 horas de 31 de Dezembro de 2013.


REUTERS/Jason Reed


31 Dez. 2013
Cerca de 1,5 milhões de pessoas alinharam-se no porto de Sydney para admirar o espectacular fogo-de-artifício durante a celebração da passagem de ano em Sydney, Austrália. (ver em ecrã completo)
Este ano, sete toneladas de fogo-de-artifício foram lançadas da Ponte do Porto e de diferentes locais da cidade, incluindo, pela primeira vez numa década, dos telhados em forma de velas da Ópera de Sydney, criando um espectáculo pirotécnico sincronizado com luz e música, com a duração de 12 minutos e um custo superior a 6 milhões de dólares.
Mais de mil fogos de artifício foram lançados a partir do telhado da Casa da Ópera, obra classificada como Património Mundial da Humanidade que celebrou o 40º aniversário em 2013.

Tóquio, Japão
Cerimónia de boas-vindas ao ano 2014 em Tóquio, Japão.
AFP/Kazuhiro Nogi


31 Dez. 2013
A Coreia do Norte celebrou o Ano Novo com fogo-de-artifício. Este vídeo, cedido à Reuters pela agência de notícias estatal KCNA, mostra fogo-de-artifício iluminando o céu sobre a praça Kim Il Sung, em Pyongyang, onde estão reunidas milhares de pessoas. Segundo a KCNA, o fogo-de-artifício ocorreu à meia-noite do último dia de 2013.
O vídeo também mostra pessoas que depositam flores nas estátuas dos anteriores líderes, Kim Jong Il e Kim Il Sung, em Pyongyang, fazendo uma reverência.
Fogo-de-artifício brota do maior arranha-céus de Taiwan durante as celebrações de 1 de Janeiro de 2014 em Taipei, Taiwan.
REUTERS/Edward Lau

Visitors watch a light show as part of a New Year countdown celebration on The Bund in Shanghai January 1, 2014. REUTERS-Stringer Visitantes assistem a um espectáculo de luzes, como parte da celebração da chegada do ano 2014 no Bund, em Xangai, China.
REUTERS/Stringer

Espectáculo de lasers na Grande Muralha da China
Espectáculo de lasers na Grande Muralha da China
REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Hong Kong, China
REUTERS/Tyrone Siu


31 Dez. 2013
Fogo-de-artifício sobre o porto Victoria e o Centro de Congressos de Hong Kong, onde a Grã-Bretanha passou a soberania de Hong Kong para a China em 1997.
Cerca de 400 mil pessoas assistiram ao espectáculo que teve a duração de 8 minutos e custou 1,7 milhões de dólares.

Jakarta, Indonésia
Fogo-de-artifício no centro financeiro de Jacarta, Indonésia.
AFP/Bay Ismoyo

Kuala Lumpur, Malásia
Fogo-de-artifício junto das Petronas Twin Towers durante as comemorações do Ano Novo 2014 em Kuala Lumpur, Malásia.
REUTERS/Samsul Said

Fogo-de-artifício celebra a chegada do ano 2014 na cidade-Estado de Singapura.

photo
Fogo-de-artifício sobre o Kayawait Hotel Palace em Yangon, Myanmar (Birmânia)
REUTERS/Soe Zeya Tun


31.12.2013 21:58
Samoa e Kiribati foram os primeiros países a entrar em 2014. Depois da Oceânia, o Ano Novo foi chegando a todos os países da Ásia.

31 Dez. 2013
A cidade de Dubai celebrou a chegada de 2014 com um espectáculo pirotécnico centrado no maior arranha-céus do mundo, o Burj Khalifa, que envolveu o lançamento de fogo-de-artifício, jactos de água e música. O fogo durou 6 minutos e custou mais de 4 milhões de euros.
Os organizadores pretenderam quebrar o Recorde Mundial do Guinness para a maior exibição pirotécnica. O emirado do Dubai pertence aos Emirados Árabes Unidos, uma federação de monarquias absolutistas cuja economia assenta nas exportações de petróleo e gás natural.

photo
REUTERS/Tatyana Makeyeva


31 Dez. 2013
Milhares de pessoas vieram comemorar a chegada de 2014 na Praça Vermelha, no centro de Moscovo, Rússia. Muitos viajaram até à capital russa especialmente para participarem na festa que ocorreu apenas um dia depois de um segundo ataque terrorista na cidade de Volgogrado, por isso tiveram de passar por vários detectores de metais vigiados pela polícia russa, mas disseram que se sentiam seguros e partilharam as esperanças no novo ano.
As pessoas vêm cumprir a tradição russa de entrar no novo ano ouvindo tocar o carrilhão da torre do relógio do Kremlin. Depois do toque dos sinos, foi lançado fogo-de-artifício por detrás da Catedral de São Basílio.


31 Dez. 2013
Como tristezas não pagam dívidas, os moradores de Atenas comemoraram o início de 2014 com um deslumbrante fogo-de-artifício sobre a Acrópole. Centenas de pessoas arrostaram com o frio para assistirem a um concerto da Orquestra Filarmónica de Atenas preenchido com canções de Natal e outras canções populares numa das ruas pedonais mais apreciadas de Atenas, tendo como pano de fundo um Parthenon iluminado.
Desde 2010, a Grécia tem sido mantido financeiramente à tona pela Zona Euro e pelo Fundo Monetário Internacional, em troca de cortes de despesas e reformas, incluindo aumento de impostos, despedimentos no sector público, redução de salários e pensões e cortes na saúde e nos benefícios sociais. Depois das dificuldades de 2013, os gregos anseiam por um melhor ano 2014 e procuraram esquecer os problemas entrando em 2014 num clima de festa e fogos-de-artifício espectaculares.


31 Dez. 2013
Fogo-de-artifício ilumina o céu nocturno sobre a histórica Porta de Brandenburgo, em Berlim, na Alemanha.

photo
Um folião (invisível) escreve "2014" com faiscadores, em frente à Torre Eiffel, em Paris, França.
REUTERS/Benoit Tessier


31 Dez. 2013
Turistas e residentes na capital francesa ​​reuniram-se nos locais emblemáticos da cidade para comemorarem a véspera de Ano Novo.
Com a famosa avenida Champs Elysées coberto de luzes de Natal e a Torre Eiffel rebrilhando ao soar da meia-noite, a cidade-luz fez jus ao seu nome, encantando os visitantes.


1 Jan. 2014
Quando o Big Ben bateu as doze badaladas, os londrinos comemoraram o Ano Novo com um fogo-de-artifício sobre a famosa roda-gigante London Eye, em Londres, Reino Unido.


1 Jan. 2014
O Rio de Janeiro entrou em 2014 ao estilo brasileiro: cheio de música, dança, fogo-de-artifício e alegria. Centenas de milhares de visitantes reuniram-se na praia de Copacabana para assistir ao lançamento de 24 toneladas de fogo-de-artifício durante 15 minutos.

Fireworks explode past the Times Square Ball after it dropped to signal the start of the new year in Times Square, Midtown, New York January 1, 2014. REUTERS-Adrees Latif REUTERS/Adrees Latif

Confetti is dropped on revelers at midnight during New Year's Eve celebrations in Times Square in New York January 1, 2014. REUTERS-Gary Hershorn REUTERS/Gary Hershorn


1 Jan. 2014
Em Nova York, quase 1 milhão de pessoas vindas de toda a parte reuniu-se em Times Square para a gigantesca festa de rua da véspera de Ano Novo.
A contagem decrescente para a entrada do Novo Ano foi marcada pela queda de uma bola de cristal ao longo de 21 metros em 60 segundos. Cerca da meia-noite a temperatura caiu abaixo do ponto de congelamento da água mas toneladas de confetes lançados a partir dos telhados dos edifícios circundantes, em Times Square, ajudaram a manter a euforia.