segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Respeitem o morto!


O menino pobre que se tornou mundialmente conhecido pelo talento em jogar à bola, pediu para dar uma última volta ao relvado do Estádio da Luz antes de ser sepultado. Só desejou voltar ao relvado do clube dos seus afectos desde a infância. Mais nada.






Quis o Governo homenageá-lo, decretando três dias de luto oficial. Eusébio esforçou-se, trabalhou o seu dom inato, tornou-se num dos melhores jogadores de futebol da sua época e conseguiu dignificar o seu País nos estádios por esse mundo fora, sendo o português que mais difundiu o nome de Portugal: mereceu essa recompensa.
Caso raro, até o presidente da República conseguiu ler com inflexões na voz uma declaração singela e sentida, que humilde e humano era o homenageado.

Agora esta ideia da vice-presidente do PSD de pedir que os restos mortais de Eusébio sejam transladados para o Panteão Nacional, daqui a um ano, é puro aproveitamento político para catapultar o partido nas legislativas de 2015.
Diz o artigo 2º/1 da lei 28/2000: “As honras do Panteão destinam-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao país, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade”.
Eusébio era um homem simples que adorava jogar futebol e dar aos entusiastas desse desporto a alegria dos golos e das vitórias. Não procurem confundir as pessoas.

Por seu lado, a facção socialista de António Costa resolveu obrigar o corpo de Eusébio a percorrer duas vezes a Segunda Circular, o Campo Grande, a Avenida da República, o Saldanha, a Avenida Fontes Pereira de Melo, o Marquês de Pombal, a Avenida da Liberdade, os Restauradores e o Rossio para passar em frente aos Paços do Concelho, com o pretexto da vereação de Lisboa lhe prestar homenagem (De regresso à Luz, será rezada missa na igreja e depois terá lugar o cortejo fúnebre).
Que hipócritas! Mexam as pernas, façam exercício físico para diminuir os volumosos ventres e vão ao Estádio da Luz ou à igreja prestar os respeitos que considerem devidos ao falecido.

Quanto à extrema-esquerda, ontem o silêncio foi ensurdecedor.
Como Eusébio nunca se envolveu na política, passou a jogar em clubes dos EUA a partir de Março de 1975 e foi medalhado em 1966 por Salazar — e o futebol usado para entreter e dar ânimo aos portugueses pobres na década de 60 —, foram lentos a vir reconhecer o mérito de um homem que tornou felizes os seus compatriotas através de um espectáculo desportivo popular.
É outra a escolha deles para alimentar as multidões: drogá-las com a propaganda marxista, apesar desta ter sido repudiada pelos povos que a provaram; ou mesmo, em sentido literal, entorpecê-las com a cannabis.
Criticam a população portuguesa por acreditar em Fátima e apreciar o Fado e o Futebol. Mas não os vejo preocupados com o esvaziamento mental das multidões que aplaudem líderes com pés de barro em manifestações monumentais de partidos socialistas internacionalistas — que defendem as democracias populares onde a liberdade de expressão é punida com a pena de morte — e me recordam os comícios, também monumentais, do partido nacional-socialista — Nationalsozialisten — de Hitler, responsável pelo Holocausto. Nem os vejo preocupados com o aparecimento de bandos de excluídos a drogarem-se em casas de chuto.

A morte de Eusébio está a pôr a nu o lado vergonhoso e nojento dos políticos portugueses que tudo aproveitam para conquistar votos. Nada que cause surpresa. Gente que se governou, e continua a governar-se, à sombra do 25 de Abril, gente que não tem competência profissional — por isso abraçam a política —, nem qualquer referencial de ética. Que esta gente aprenda a respeitar os mortos.


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