segunda-feira, 26 de maio de 2014

Breve análise dos resultados das europeias 2014


Terminada a contagem dos votos, observemos os resultados das europeias 2014:

3.092 freguesias apuradas de 3.092 freguesias (12 votações não realizadas)
60 consulados apurados de 71 (11 por apurar com 481 votantes)



Duas formações políticas perdem centenas de milhar de votos em relação às europeias 2009:
  • o BE perde mais de 200 mil votos e desce para quinto lugar;
  • a coligação PSD-CDS perde mais de 500 mil votos.

Em sentido ascendente temos
  • o PCP que ganha quase 40 mil votos;
  • o Livre e o PAN, partidos que concorreram pela primeira vez ao parlamento europeu, conseguem ultrapassar a fasquia dos 50 mil votos que dá subvenção anual;
  • o PS que ganha quase 90 mil votos;
  • mas a subida verdadeiramente espectacular é a do Partido da Terra, até agora um pequeno partido, que consegue conquistar mais de 200 mil votos e é catapultado para o quarto lugar, ficando acima do BE.

Quanto aos mandatos, um dos derrotados destas eleições
  • é o Bloco de Esquerda que perde mais de 6% dos votos, e não só para o Livre, e perde também 2 eurodeputados, um dos quais regressa ao PCP;
  • o outro é a coligação PSD-CDS, que desce mais de 12% e perde 3 eurodeputados.

Ganham eurodeputados
  • o PCP que, com mais 2% de votos, consegue recuperar o eurodeputado perdido em 2009.
  • o PS, com quase mais 5% dos votos, ganha apenas 1 eurodeputado;
  • mas é o Partido da Terra que, com a notável subida de 6,5%, recebe a fatia de leão com 2 eurodeputados.



O PS foi o vencedor destas eleições com 31,47% dos votos, apenas 3,76 pontos percentuais acima da coligação que suporta o Governo.
Se este desnível é tudo o que os socialistas conseguem oito dias depois do fim do programa de assistência económica e financeira externa, um tipo de programa sempre associado a gravosas medidas de austeridade, então não só é pouco provável que António José Seguro tenha uma vitória expressiva em Setembro do próximo ano, como bem pode preparar-se para uma derrota. Aliás são os próprios socialistas a dizer que a vitória do PS soube a pouco.

Mesmo na hipótese de uma vitória dos socialistas nas eleições legislativas de 2015, a ascensão meteórica do Movimento o Partido da Terra (MPT) veio alterar o xadrez político nacional: o País tanto poderá vir a ter um governo de bloco central PS-PSD, como um governo PS-MPT ou até PSD-MPT.


26 Mai, 2014, 13:35


Seguro está completamente bloqueado pelas clientelas do partido, com Mário Soares à cabeça, ávidos de subsídios ou cargos nas administrações públicas.
Tudo vai estar nas mãos de Passos Coelho e Marinho e Pinto, que obviamente vai ser o líder do MPT, e irá depender das propostas ousadas que estes homens sejam capazes de apresentar ao eleitorado.
Basta um par de propostas arrojadas, mas facilmente exequíveis e que mostrem vontade de mudança, como seja a alteração da lei eleitoral diminuindo o número de deputados da assembleia da República para 180, ou a eliminação dos vereadores sem pelouro nas câmaras municipais ou a abertura das listas de candidatos permitindo aos eleitores a escolha dos deputados.

Passos Coelho talvez quisesse fazer estas propostas mas está condicionado pelo poder local, como se viu no ano passado com a questão dos dinossauros autárquicos.
Pelo contrário, não estando o Partido da Terra refém de deputados nem do poder local, Marinho e Pinto, se quiser, poderá avançar propostas políticas fracturantes e esvaziar não só os votos brancos/nulos, mas também os dos outros partidos.

Isto significa que vamos acreditar em Marinho e Pinto?
Mesmo reconhecendo que só se singra nos labirintos políticos dos países europeus do Sul explorando compadrios e trocas de favores, é preciso ser-se pessoa honrada e de carácter para se poder mudar a forma de fazer política em Portugal. Ora Marinho e Pinto apoiou a candidatura da actual bastonária da ordem dos advogados, apesar de saber que Elina Fraga tinha prejudicado clara e deliberadamente uma cliente, negligenciando o processo que lhe fora confiado e traindo a confiança nela depositada.
Portanto a resposta é não.


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