sábado, 13 de setembro de 2014

Linha da Frente da RTP1 - "Ricardo Salgado: O Ex-Dono Disto Tudo"


O programa Linha da Frente passou neste sábado uma reportagem do jornalista Jorge Almeida sobre o percurso profissional de Ricardo Espírito Santo Salgado e a falência do BES.
Intitulada "Ricardo Salgado: O Ex-Dono Disto Tudo", é obrigatório vê-la:

13 Set 2014
Episódio 9
de 38 Duração: 30 min

A reportagem intercala uma sucessão de testemunhos de políticos, banqueiros e trabalhadores do BES com fotografias e vídeos de Ricardo Salgado e dos que contribuíram para o desenlace: o parceiro de negócios Pedro Queiroz Pereira que foi entregar um dossier com dados comprometedores ao Banco de Portugal, o primo José Maria Ricciardi que tentou arrebatar a liderança e o governador do Banco de Portugal Carlos Costa que dividiu o BES, acusando a anterior administração de desenvolver um esquema de financiamento fraudulento entre empresas do Grupo Espírito Santo nos últimos dias em que esteve em funções.

O ex-presidente da República Mário Soares começa por declarar sobre uma fotografia icónica de Ricardo Salgado e uma banda sonora de filme de suspense: “Muitas pessoas em Portugal já perceberam que foi uma grande asneira ter arranjado este sarilho todo”.
Logo de seguida Miguel Veiga, antigo administrador da Tranquilidade, classifica a acusação de ilegalidades de Carlos Costa como “uma afirmação tendenciosa, prematura e injustificada”.
E o banqueiro espanhol Jaime Carvalhal completa o trio, falando em "tragédia para a família, para os accionistas e para Portugal" e revela-se preocupado com o futuro da economia portuguesa.

Dado o mote, seguem-se outros testemunhos que oscilam da incredulidade à surpresa, da preocupação ao mais requintado elogio ao personagem principal.

Carlos Silva, trabalhador do BES e secretário-geral da UGT, confidencia que “as pessoas ficaram com um género de orfandade”.
Miguel Veiga reaparece para definir Salgado como “um homem com mão de ferro em luva de veludo”.
Murteira Nabo diz que poucas decisões importantes do País ligadas ao financiamento não passavam pelo BES.
O primo Michael de Mello fala de um José Maria Ricciardi “muito impulsivo” que retirou o tema da sucessão do conselho superior do grupo, fórum onde devia ter sido discutido, e levou-o para o exterior.

No meio deste coro de encómios, apenas destoam as jornalistas Maria João Babo e Maria João Gago do Jornal de Negócios que têm dúvidas de que Ricardo Salgado desconhecesse as irregularidades que estavam a ocorrer no BES Angola. A segunda recorda que na primeira quinzena de Julho as perdas do BES aumentaram 1500 milhões de euros e questiona se o banqueiro tinha consciência de que o banco estava descontrolado.

Eduardo Catroga considera “exagerada a imputação de responsabilidades a nível de grupo apenas ao doutor Ricardo Salgado”.
Mais à frente, regressa o amigo Soares para prever o futuro: “Eu estou convencido que ele não disse ainda a última palavra. E quando o disser, as coisas vão ficar de outra maneira”. E para que não restem dúvidas sobre quem ele quer que sejam os maus da fita, no fim esclarece: “Não se podia pôr um banco daqueles na situação em que estava. Fizeram-no por incompetência. O actual governo quis atirar tudo ao charco, mas depois arrependeu-se”.
Outro banqueiro espanhol Emilio Ybarra confessa surpresa e declara que via o BES e a filial de Espanha como bancos que funcionavam correctamente.

No final, ouve-se a voz off dizer: “Ricardo Salgado tem pela frente a maior batalha da sua vida: limpar o nome da sua família e provar, no banco dos réus, a sua inocência”.


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As técnicas de lavagem ao cérebro desenvolvidas e aplicadas com êxito pelos regimes comunistas começaram a ser usadas pela defesa de Ricardo Salgado. Daqui a uns meses vamos vestir t-shirts com os olhos lupinos de Ricardo Salgado — o Che que se cuide —, repudiar a "intrometida" supervisão do Banco de Portugal e defender um Regresso ao Passado.

É verdade que o primo José Maria Ricciardi, que tentou arrebatar a liderança do BES a Ricardo Salgado, agiu por ambição pessoal, mas foram as informações que trouxe para o exterior, bem como o dossier com dados comprometedores entregue por Pedro Queiroz Pereira ao Banco de Portugal, que alertaram o governador Carlos Costa para o esquema de financiamento fraudulento entre o BES e as empresas do Grupo Espírito Santo.

Será que o juiz Carlos Alexandre se impressiona? Não, porque sabe que mais de metade dos 16 milhões de acções do BES nunca poderia ser 40% do lote de acções posto à venda. Só os ignorantes se deixam manipular.


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