quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Celebrando o 25º aniversário do Hubble com os Pilares da Criação


Para comemorar os 25 anos (1990-2015) de exploração do Universo a partir da órbita em torno da Terra, as câmaras do Telescópio Espacial Hubble foram usadas para revisitar a sua imagem mais icónica. O resultado é esta visão mais nítida e ampla da região designada por Pilares da Criação, fotografada pelo Hubble, pela primeira vez, há vinte anos:



2014 Hubble WFC3/UVIS Image of M16
Nome do objecto: M16, Nebulosa da Águia, NGC 6611
Constelação: Serpente
Distância: 6500 anos-luz
Crédito: NASA, ESA e equipa do Hubble Heritage
Data da exposição: Setembro de 2014
Tempo de exposição: 30,5 horas
Cores: A imagem é composta por exposições distintas captadas pela Wide Field Camera 3 (WFC3) do Telescópio Espacial Hubble. Foram usados vários filtros para amostrar diversos comprimentos de onda na banda do visível. A cor resulta da atribuição de um matiz (cor) diferente a cada imagem monocromática associada a um filtro individual.
Fonte: Hubblesite.org

2015-01


São três estruturas altaneiras onde estão a formar-se estrelas. Com uma altura de 5 anos-luz, estes pilares de gás hidrogénio frio misturado com poeiras estão situados na Nebulosa da Águia (M16), a cerca de 6500 anos-luz de distância da Terra e na direcção da constelação da Serpente.

Esculpidos pela radiação ultravioleta de alta energia e erodidos pelos ventos ionizantes oriundos do aglomerado de estrelas jovens e massivas da M16, estes pilares cósmicos serão fatalmente destruídos.

"A neblina azulada fantasmagórica em torno dos bordos densos dos pilares é matéria que aquece e se evapora no espaço. Apanhámos esses pilares num momento muito especial e efémero da sua evolução", explicou Paul Scowen da Universidade Estatal do Arizona que, com o astrónomo Jeff Hester, obteve a imagem de 1995.
"Estes pilares representam um processo activo muito dinâmico. O gás não está a ser passivamente aquecido e a afastar-se suavemente para o espaço. Na realidade, os pilares gasosos estão a ser ionizados (um processo pelo qual electrões são arrancados dos átomos) e aquecidos pela radiação oriunda de estrelas de grande massa. E em seguida estão a ser erodidos pelos ventos intensos das estrelas (barragem de partículas carregadas) que actuam como jactos de areia sobre os topos destes pilares".

As primeiras características detectadas pelos astrónomos Paul Scowen e Jeff Hester em 1995 foram as flâmulas de gás que pareciam flutuar para fora dos pilares. Os astrónomos tinham debatido anteriormente o efeito que estrelas próximas e de grande massa teriam sobre o gás circundante de berçários de estrelas.
"Há apenas uma coisa que pode iluminar uma vizinhança como esta: estrelas massivas que emitem radiação ultravioleta suficientemente potente para ionizar e fazer brilhar as nuvens de gás", continua Scowen. "As regiões nebulosas de formação de estrelas, como a M16, são anúncios de néon interestelares que dizem: 'Acabámos de fazer aqui um punhado de estrelas de grande massa.' Foi a primeira vez que obtivemos evidência observacional de que o processo erosivo, não só a radiação mas também a remoção mecânica do gás das colunas, estava realmente a ser visto."

O ambiente turbulento de formação de estrelas dentro da M16, cujos pormenores espectaculares foram captados neste instantâneo Hubble em luz visível, é provavelmente semelhante ao ambiente onde nasceu o nosso Sol. Há evidência de que o sistema solar em formação foi temperado com estilhaços radioactivos provenientes de uma supernova nas proximidades. Isto significa que o nosso Sol fazia parte de um aglomerado que incluiu estrelas com massa suficiente para produzir radiação ionizante de alta energia, como se vê na Nebulosa da Águia.
"Essa é a única forma que a nebulosa, da qual o Sol nasceu, podia ter sido exposta a uma supernova tão rapidamente, no curto período de tempo que representa, porque as supernovas só provêm de estrelas de grande massa, e essas estrelas só vivem algumas dezenas de milhões de anos", explicou Scowen. "Isto significa que, quando olha para o ambiente da Nebulosa da Águia ou de outras regiões de formação de estrelas, está a olhar exactamente para o tipo de ambiente em que o nosso Sol se formou.", conclui o astrónomo.



Hubble Revisits the Famous
Comparação da imagem de 1995 (à esquerda) com a imagem actual (à direita) que foi captada com filtros na banda do visível e representada em azul, verde e vermelho.

2014 Hubble WFC3/UVIS Image of M16 (Cropped)
Os pilares são banhados por radiação ultravioleta oriunda de um aglomerado de estrelas jovens e massivas situadas fora da parte superior da imagem. Observam-se flâmulas de gás saindo dos pilares à medida que esta radiação intensa aquece e faz evaporar o gás. As regiões mais densas dos pilares sombreiam a matéria abaixo delas, protegendo-a desta potente radiação que é ionizante.
As cores na imagem realçam a luz emitida pelos átomos ionizados. A emissão do oxigénio está representada em azul, as emissões do hidrogénio e do nitrogénio estão representadas em verde, e a do enxofre em vermelho.

2014 Hubble WFC3/IR Image of M16 (Cropped)
Outra imagem dos Pilares da Criação. Captada com filtros na banda do infravermelho, está representada em azul e amarelo.
A radiação infravermelha consegue atravessar algumas das poeiras, permitindo ver através dos pilares, e até mesmo através da parede posterior da cavidade da nebulosa. Os filtros usados pelos astrónomos isolam a luz das estrelas recém-nascidas que são invisíveis na imagem anterior. Deste modo, os astrónomos podem ver as próximas gerações de estrelas assim que começam a emergir no berçário.
Esta imagem mostra que a razão por que existem os pilares é que os topos são muito densos e sombreiam o gás debaixo deles, criando as longas estruturas em forma de pilar. Já o gás entre os pilares foi soprado pelos ventos ionizantes oriundos do aglomerado central de estrelas situado acima dos pilares.




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