quarta-feira, 18 de março de 2015

A inauguração da nova sede do Banco Central Europeu


A inauguração da nova sede do BCE foi acompanhada por protestos violentos no exterior de que resultaram 80 polícias feridos e 550 manifestantes detidos.

Desde as primeiras horas da manhã, centenas de manifestantes do grupo anticapitalista "Blockupy" bloquearam ruas e incendiaram contentores de lixo e carros da policia nas imediações da nova sede do BCE.
Manifestantes jovens vestidos de preto agrediram à pedrada a polícia, que teve de usar canhões de água e sprays de gás pimenta para abrir caminho em direcção à nova sede do BCE. Depois dos manifestantes anti-austeridade entrarem em confrontos com as forças de segurança, 80 polícias ficaram feridos, tendo sido detidos cerca de 550 jovens.

A manifestação foi convocada por sindicatos alemães e pela aliança de esquerda "Blockupy" que reúne grupos europeus da esquerda radical. Entre os sindicatos está um dos maiores sindicatos alemães, o Vereinte Dienstleistungsgewerkschaft, conhecido por Verdi, e na "Blockupy" destaca-se o partido alemão com assento parlamentar Die Linke e o partido grego Syriza de Alexis Tsipras.

Reuters

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O novo edifício teve um custo total de 1,3 mil milhões de euros, tendo sido seleccionado como alvo da manifestação porque o BCE simboliza para os manifestantes os cortes na despesa e as reformas que estão a ser forçadas na Grécia.
"O nosso protesto é contra o BCE, como um membro da troika que, apesar de não ser eleito democraticamente, dificulta o trabalho do governo grego. Queremos que a política de austeridade acabe", declarou Ulrich Wilken, um dos organizadores da manifestação.
O grupo garantiu tratar-se de um protesto pacífico, a favor da democracia e contra a austeridade. Os slogans iam de "Guten Morgen/Good morning! Our time to act has come" (Bom dia/Chegou o nosso tempo de agir), até "Kaviar für Alle" (Caviar para Todos).

Opinião diferente tem o ministro da Justiça alemão, Heiko Maas, que condenou o caos criado pelos manifestantes dizendo que "o tumulto puro vai além de todos os limites na batalha pela opinião política".

Wednesday, March 18, 2015 1:44pm EDT

Mario Draghi considerou que a nova sede do Banco Central Europeu (BCE), inaugurada hoje de manhã em Frankfurt, "é um símbolo do que a Europa pode atingir em conjunto e do porquê de não podermos arriscar a separarmo-nos". No entanto, o presidente do BCE reconheceu, no discurso inaugural, algumas dificuldades:
"As pessoas estão a passar por momentos muito difíceis. Alguns, como muitos dos manifestantes que estão ali fora hoje, acreditam que o problema é que a Europa está a fazer muito pouco."

A seguir esclareceu:
"A zona do euro ainda não é uma união política do tipo em que alguns países pagam permanentemente para os outros, como acontece dentro de um único país em que as regiões pagam para outras regiões. Sempre foi entendido que os países têm de ser capazes de se aguentar sobre os seus dois pés, que cada um é responsável pelas suas próprias políticas."

"O euro, a nossa moeda única, converteu-se no símbolo mais tangível da integração europeia, uma peça da Europa acessível e valiosa para todos nós", sublinhou Draghi.


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Depois do ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, ter ultrapassado os limites da sedução e ter resvalado para o exibicionismo puro, atitude que foi amplamente criticada nas redes sociais, o governo grego pôs em prática outra artimanha.

Agora Alexis Tsipras vai empatando a implementação das medidas que Varufakis propôs ao Eurogrupo, como seja o combate à evasão fiscal, e atrapalhando a supervisão do trio de instituições — troika tornou-se palavra tabu — com imposições de agendamento separado das reuniões em Atenas. O estratagema mais recente para manter a Grécia na ribalta foi um pedido de reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente de França, François Hollande, o presidente do BCE, Mario Draghi, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.

Mas há também estratégias subterrâneas. Uma delas é o incentivo ao ódio dos gregos contra os alemães, através da reabertura do dossier da segunda guerra mundial (1939-45) que foi encerrado em 1953. O governo grego exige à Alemanha o pagamento de reparações às vítimas e de infra-estruturas destruídas e ainda pelo crédito que o Hitler obrigou Atenas a conceder-lhe. Estima-se que este empréstimo tenha um valor actual entre 7 e 11 mil milhões de euros, algo que daria aos gregos para viver uns escassos meses...

Outra estratégia é uma espécie de cavalo de Tróia dos tempos modernos: o fomento de protestos violentos, como o ocorrido esta manhã durante a inauguração da nova sede do Banco Central Europeu. Tsipras tem um ódio de estimação a Mário Draghi que tirou a possibilidade dos bancos gregos se financiarem no BCE dando como colateral obrigações do tesouro gregas. Aproveitando o enorme desemprego jovem, é óbvio que foi o Syriza quem terá subsidiado a deslocação de agitadores gregos a Frankfurt para participar na manifestação do Die Linke, um partido alemão que nunca antes se envolvera em confrontos de rua com as forças de segurança.

Tsipras não quer cobrar impostos à classe média nem tocar nos privilégios de isenção de impostos que o artigo 107 da Constituição grega concede aos armadores. Mas o actual governo grego já aprovou legislação no sentido de dar ajuda às famílias carenciadas. E prometeu refrear o défice público.
Será que Tsipras sabe resolver este novo problema da quadratura do círculo? Claro que não, aumentar as despesas sem obter receitas é tão insolúvel como o problema matemático da Grécia Clássica. Está mas é a contar com o sucesso das artimanhas gregas e com o dinheiro dos contribuintes dos restantes 18 Estados-membros da zona Euro.


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