sexta-feira, 17 de abril de 2015

In Memoriam Mariano Gago




(16 de Maio de 1948 - 17 de Abril de 2015)


José Mariano Rebelo Pires Gago nasceu em Lisboa em 16 de Maio de 1948. Licenciou-se em Engenharia Electrotécnica pelo Instituto Superior Técnico, actualmente integrado na Universidade de Lisboa, em 1971.

A partir de 1971, governava então o País o Professor Marcello Caetano, foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura no Laboratório de Física Nuclear das Altas Energias (LPNHE-X) da École Polytechnique, até que, em 1976, se doutorou em Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Paris.

Após o doutoramento, permaneceu mais dois anos como bolseiro do Instituto de Alta Cultura, agora em Genebra, no Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN). Em 1979 tornou-se professor agregado em Física no Instituto Superior Técnico.

Mais tarde pertenceu ao Conselho do CERN (1985–1990), tendo influenciado o acordo de adesão de Portugal a este centro europeu de investigação nuclear em 1985. Influência que lhe deu o cargo de presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (1986-1989), o instituto que geria a pesquisa científica portuguesa, por convite do secretário de Estado da Investigação Científica do primeiro governo de Cavaco Silva.

Foi ministro da Ciência e da Tecnologia entre 1995 e 2002, nos governos liderados por António Guterres.
Substituiu a Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e implementou a avaliação dos centros portugueses de investigação científica. A política de incentivo aos doutoramentos e pós-doutoramentos através da concessão de bolsas de cerca de mil euros permitiu criar muitos jovens investigadores, embora tenha atraído bolseiros em áreas de emprego saturadas (e.g. ciências sociais) e até estrangeiros que fizeram currículo e regressaram aos países de origem, dissipando recursos.
Criou o Programa Ciência Viva (1996) para aproximar os cientistas da generalidade da população e desenvolver nesta a atracção pela ciência.
Além de concentrar as suas energias no impulsionamento da investigação científica portuguesa, apostou na sua internacionalização, tendo desempenhado um papel decisivo nos acordos de adesão de Portugal ao ESRF - Laboratório Europeu de Radiação de Sincrotrão (1997), à ESA - Agência Espacial Europeia (2000) e ao ESO - Organização Europeia para a Investigação Astronómica no hemisfério sul (2000).

Três anos depois, assumiu a pasta da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, entre 2005 e 2011, durante os governos de José Sócrates.
Distinguiu-se por ter logrado aproveitar a divulgação das trapaças que envolviam a licenciatura do então primeiro-ministro na universidade Independente para conseguir o encerramento compulsório não só desta decadente instituição do ensino universitário privado, como também das suas congéneres Moderna e Internacional.
Incentivou a formação de parcerias entre as mais reputadas instituições do ensino superior público português e três grandes instituições de ensino superior norte-americanas: o MIT (Massachusetts Institute of Technology) (2006), a Carnegie Mellon University e a Universidade do Texas, em Austin. Os acordos assinados destinam-se a permitir o intercâmbio de alunos, professores e programas de doutoramento.
Também criou o RJIES - regime jurídico das instituições de ensino superior (2007) que foi alvo de contestação.

Actualmente era Professor Catedrático no Departamento de Física do Instituto Superior Técnico (IST), investigador na área de Física de Partículas e presidente do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP).





O departamento de Física do IST homenageia-o hoje com estas memórias:

"José Mariano Gago marcou várias gerações de estudantes e colegas do IST. Destacou-se na implementação dos laboratórios de física experimental para todos os cursos do IST. São muitos os que lembram os seminários de Física de Partículas às terças-feiras à noite para os alunos do IST. Nesses seminários participava quem queria e o bilhete de entrada era o entusiasmo. Destes encontros partiram muitos engenheiros e investigadores que se lançaram em desafios no CERN."



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