terça-feira, 7 de abril de 2015

Miguel Seabra pediu demissão da presidência da FCT


O presidente da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Miguel Seabra, pediu a demissão do cargo invocando “razões pessoais” e o pedido já foi aceite pelo Ministério da Educação e Ciência.

Professor catedrático da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (UNL), Miguel Seabra presidia a FCT desde 2012.

Tendo efectuado o corte no número de bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento, era inevitável converter-se no alvo de contestação cerrada de quem perdeu a sua sobrevivência financeira. Algumas decisões incompreensíveis em matéria de atribuição de bolsas vieram periclitar a sua posição à frente da fundação.
O concurso para atribuição de bolsas de doutoramento ou pós-doutoramento começou esta terça-feira e o regulamento tem alterações, como seja a obrigatoriedade de o grau anterior estar concluído até à data de candidatura, que são contestadas pela associação de bolseiros.

O processo de avaliação aos centros de investigação do país — agora em fase final e destinada à atribuição de financiamento anual até 2020 — também levantou grande celeuma por causa do pressuposto de que cerca de 50% dos centros teria uma má classificação e, assim, iria receber pouco ou nenhum dinheiro.

Em reacção à demissão de Miguel Seabra, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Cunha, considera esta demissão natural:
Enquanto pessoa e cientista, merece respeito e consideração. Mas enquanto gestor da FCT não teve um desempenho capaz, nomeadamente com o processo de avaliação, que desde o princípio foi mal conduzido. Acabou por ficar refém de um processo. Este é um desfecho que me parece natural.
O CRUP já tinha criticado o processo de avaliação dos centros de investigação em Outubro do ano passado, em carta enviada ao ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato.

Miguel Seabra licenciou-se em Medicina, em 1986, pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e concluiu o doutoramento em Bioquímica e Biologia Molecular, na Universidade do Texas.
Foi professor associado de Genética Molecular na Divisão de Ciências Biomédicas do Imperial College de Londres, no Reino Unido, sendo promovido, dois anos mais tarde, a professor catedrático e Director da Secção de Medicina Celular e Molecular.
Foi investigador principal do Instituto Gulbenkian de Ciência e dirigiu o Programa Gulbenkian de Doutoramento em Biomedicina.
Tem mais de cem artigos científicos publicados em revistas científicas internacionais e é um dos cientistas portugueses mais citados na sua área. Actualmente, além de professor catedrático, é investigador no Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC), da Nova Medical School (Faculdade de Ciências Médicas) da Universidade Nova de Lisboa.


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