domingo, 19 de abril de 2015

O êxodo africano para a Europa - II


Um pesqueiro que transportava cerca de 700 emigrantes clandestinos emitiu um pedido de ajuda em águas territoriais líbias, tendo naufragado durante o resgate. Sobreviveram apenas 28 pessoas.

Segundo Carlotta Sami, porta-voz da Agência para os Refugiados no Sul da Europa da ONU, quando os clandestinos viram o porta-contentores que ia salvá-los, dirigiram-se para um dos lados da embarcação, provocando o naufrágio. O papa Francisco lamentou a tragédia:

19 Abr, 2015, 20:25

O director do Navigate Group conta que o navio porta-contentores King Jacob, que navega sob bandeira portuguesa, foi chamado pelo Centro Coordenador de Buscas e Salvamento Marítimos de Itália para ir socorrer um pesqueiro em dificuldades a 27 km da costa líbia, tendo chegado ao local pelas 23:00. Lançando bóias salva-vidas, redes e jangadas ao mar, a tripulação conseguiu salvar 22 pessoas:


19/04/2015 - 18:11


Um dos tripulantes do navio revelou os meios usados nesta operação de salvamento:

19 Abr, 2015, 20:29

Com a chegada ao local de navios da marinha de Malta e de Itália, prosseguem as operações de salvamento. Em conferência de imprensa, o primeiro-ministro de Malta afirmou que está a desenrolar-se "a maior tragédia de sempre no Mediterrâneo", e lamentou que o seu país e Itália estejam "sozinhos nesta crise".
"Malta tem problemas com a imigração, mas ninguém deveria ter de morrer", disse Joseph Muscat. E acrescentou: "Se a União Europeia e o mundo continuarem a fechar os olhos, serão julgados da forma mais severa possível, tal como foram julgados no passado quando fecharam os olhos a genocídios enquanto os que viviam bem nada fizeram."

Por sua vez, o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi pediu um Conselho Europeu extraordinário para discutir o problema da imigração ilegal no Mediterrâneo. François Hollande foi mais longe, não hesitando em classificar os traficantes de imigrantes clandestinos como terroristas:


*

São três as rotas mais usadas pelos imigrantes ilegais para tentarem chegar à Europa. E a de maior fluxo passa pela Líbia. Com a progressiva desintegração deste país e a chegada do tempo quente, aumenta o fluxo de emigrantes que sai da costa líbia com destino à ilha de Lampedusa:

19 Abr, 2015, 20:50

O comandante Paulo Vicente, porta-voz da Marinha portuguesa, fala da sua experiência em operações de salvamento como a que está agora a decorrer no Mediterrâneo.
Embora considere que, com melhor integração de várias entidades, se podia aumentar a eficácia deste tipo de operações, afirma que o problema da imigração ilegal não se consegue combater apenas no mar. É preciso ir à causa e aniquilar o fluxo migratório de milhões de pessoas que procuram a Europa o que exigirá acções a nível planetário:

19 Abr, 2015, 22:33

A democracia funciona bem nos países do Norte e do centro da Europa. Já no Sul do continente europeu nem sempre os eleitores têm consciência das consequências das escolhas que fazem, como sucedeu este ano na Grécia. E os acontecimentos decorridos nos últimos anos na Tunísia, no Egipto e na Líbia demonstram que as sociedades do Norte de África encontram-se num estádio de desenvolvimento cultural que ainda não lhes permite viver em democracia.

Só um poder autocrático conseguia manter a estabilidade na Líbia. Quando esse poder foi destruído, o Estado desintegrou-se e mergulhou no caos onde pululam redes de traficantes de emigrantes ilegais e terroristas.
Mal uma frágil embarcação repleta de emigrantes clandestinos se afasta umas dezenas de quilómetros da costa líbia, o mestre lança um pedido de socorro e todos ficam ansiosamente à espera que a Itália desencadeie uma operação de salvamento e um navio os vá buscar a águas territoriais líbias.
Se ocorrer um naufrágio e centenas de pessoas se afogarem, a Europa comove-se e assume a responsabilidade. Pois não foram alguns países europeus, com a França de Sarkozy à cabeça, os instigadores dos bombardeamentos da NATO que causaram a queda de Gaddafi?


Registamos este comentário à notícia do Público:

Álvaro Aragão Athayde
Engenheiro (aposentado), Coimbra 08:10
O Muammar Abu Minyar al-Gaddafi foi um autocrata. Mesmo à moda da cultura da terra dele foi um autocrata, sim. Mas foi um autocrata que fez obra, manteve a ordem, não se dobrou a determinadas exigências que lhe foram feitas e morreu... por ter sido o que foi. Quem o matou foram aprendizes de feiticeiro, aprendizes de feiticeiro que abriram as portas da anarquia e do caos, que é o que temos hoje. Quem quiser ser "missionário da democracia" tem que ser mais competente.


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