sexta-feira, 1 de maio de 2015

A greve da TAP


Iniciada hoje, dia 1 de Maio, a greve dos pilotos da TAP vai decorrer durante dez dias mas está a ser um monumental fracasso: mais de 80% dos passageiros conseguiram chegar aos seus destinos e 70% dos voos programados foram feitos.

Para desconvocar a greve, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) exigia uma parte do capital da TAP, no caso de privatização da empresa, baseado num acordo firmado com a anterior administração da empresa, em 1999, que o então ministro da tutela, João Cravinho, afirma que nunca foi aceite pelo governo Guterres. Os pilotos exigiam também a reposição das diuturnidades.

01 Mai, 2015, 13:45


Recordemos que a TAP tem elevados prejuízos e está a ser objecto de um processo de privatização que tem como alternativa a reestruturação da empresa com uma forte redução de trabalhadores que, aliás, o porta-voz do sindicato considera inevitável. O salário mensal médio dos seus pilotos é 20 mil euros.

No centro desta greve encontra-se uma figura controversa: Paulo Rodrigues, o consultor financeiro do sindicato dos pilotos e mentor da greve, que é, nem mais nem menos, que o comandante Lino da Silva, piloto da TAP não sindicalizado.

De seu nome completo Paulo Jorge Godinho Lino da Silva Rodrigues é um antigo piloto da Força Aérea e economista, tendo obtido o mestrado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa, em 1998, com a classificação de 17 valores.

Sem dúvida um indivíduo sobredotado, mas com poucos valores éticos: de 2007 a 28 de Janeiro de 2008, assinou dois contratos de prestação de serviços de assessoria nas negociações do sindicato dos pilotos com a administração da TAP que lhe permitiram cobrar 1,17 milhões de euros.
Agora regressou à actividade de assessor financeiro da nova direcção do sindicato dos pilotos, eleita em Novembro do ano passado, e ficou indiferente ao apelo do ministro da Economia, António Pires de Lima, e dos outros trabalhadores da TAP para que aquele sindicato não decretasse esta greve, cuja preparação já lhe rendeu 170 mil euros.

Os pormenores são descritos numa investigação da RTP exibida no programa Sexta às 11 de 1 de Maio:




Primeiro contrato, no valor total de 645.000€ mais IVA,




que foi pago entre 2 Novembro de 2007 e 7 de Janeiro de 2008:




Em 28 de Janeiro de 2008, segundo contrato no valor de 525.000€:




Há um terceiro contrato firmado com a actual direcção do SPAC, que tomou posse em Novembro do ano passado, em que esta se compromete a pagar ao consultor 250 euros por hora trabalhada.
Segundo o programa Sexta às 9, Paulo Rodrigues dizia que já tinha trabalhado 680 horas nestas 20 semanas, o que dá 34 horas de trabalho semanal como economista para o sindicato, a acrescer às horas de trabalho semanal como comandante da TAP.



Actualização em 4 de Maio


Num comunicado enviado esta segunda-feira aos associados, o sindicato dos pilotos informa que "o consultor do SPAC decidiu revogar o contrato que o vinculava legitimamente a esta instituição, com efeitos imediatos e com a concordância da direcção, e juntou-se a esta luta na sua qualidade de piloto, continuando a exercer graciosamente as funções que lhe têm sido até aqui cometidas, em benefício dos pilotos".

O comunicado acrescenta que "os pilotos devem afastar todos os preconceitos que os podem separar e dar as mãos, em nome do futuro colectivo. (...) O que está em causa nesta paralisação não tem precedentes. O Governo e a TAP pretendem destruir a única força capaz de se lhes opor com eficácia: o SPAC".

Segundo uma reportagem da RTP, Paulo Rodrigues já teria ganho 170 mil euros em honorários relacionados com a actividade de consultoria destinada a preparar esta greve que está a ter uma reduzida adesão. Todos os dias cerca de 70% dos voos programados têm sido efectuados.


Sem comentários:

Enviar um comentário