quarta-feira, 22 de junho de 2016

Os "buracos" financeiros da CGD - II


Além destes "buracos" financeiros da CGD, pode ficar-se a conhecer mais seis casos aqui.

Entretanto Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças em Outubro de 2015, e com base nos dados de que o governo PSD-CDS dispunha sobre a CGD à data das eleições legislativas, tem dúvidas sobre a necessidade do banco público requerer uma recapitalização de 4000 milhões de euros, referindo que "por cá e em Bruxelas comenta-se que o Governo tenciona integrar o Novo Banco na CGD".

Em comunicação ao País esta tarde, o actual ministro das Finanças, Mário Centeno, negou que o plano de recapitalização da Caixa sirva para resolver o Novo Banco.


sábado, 18 de junho de 2016

Humor bancário




Bartoon, jornal Público


Passos Coelho declarou que o PSD defende a comissão de inquérito na CGD para gerar confiança dentro do sistema financeiro e sistema bancário português.

António Costa defende, em alternativa a uma comissão de inquérito à CGD, o acesso dos deputados ao "conjunto de informação que ao longo dos anos as instituições de supervisão, quer portuguesas, quer europeias, têm obtido sobre a Caixa Geral de Depósitos".
"Talvez isso ajude a que tudo se encaminhe no bom sentido de nada ficar por saber mas não se perturbar a estabilidade do nosso sistema financeiro e em particular a Caixa Geral de Depósitos, que é o grande pilar da estabilidade do nosso sistema financeiro."


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A opinião dos outros:

Criador de Touros
18 Junho 2016 - 15:16
António Costa não está interessado em investigar a Caixa. Porquê, a gente imagina...

Anónimo
18 Junho 2016 - 16:57
Passos fez o que tinha de ser feito: emprestou dinheiro com juros a todos os bancos que pediram ajuda (o BES não o fez e já se sabe porquê), deu-lhes tempo para se reestruturarem, devolveu a confiança ao país e pôs a economia a crescer... O resto fizessem os bancos!
Se Passos estivesse no poder, era isso que continuaria a fazer. Por isso foi afastado por via de um golpe apoiado pela oligarquia do país, de que faz parte a banca: esses querem dinheiro dos contribuintes para se recapitalizarem e para resolverem os seus problemas...
A banca em Portugal só sobrevive à mesa do orçamento, por isso foi preciso pôr no poder o derrotado poucochinho! Passos, se não tivesse sido impedido de governar, ter-lhes-ia feito o mesmo que Bordalo Pinheiro, ou seja, o mesmo que fez a Ricardo Salgado!

jupiter20001
18 Junho 2016 - 17:09
Se disser que a CGD é o pilar da bandalhice bancária portuguesa, talvez acredite!

Ambrósio
18 Junho 2016 - 20:46
Para além do ridículo que é defender que não se saiba a verdade, é curioso que agora o governador do Banco de Portugal até merece referência positiva. Algum tempo atrás, era um alvo a abater.


quinta-feira, 16 de junho de 2016

Os "buracos" financeiros da CGD - I


António Costa considera que a comissão parlamentar de inquérito proposta por Pedro Passos Coelho "destrói valor" numa altura em que o banco público precisa de um plano de recapitalização que vai injectar 4 mil milhões de euros, pelo menos, saídos totalmente dos bolsos dos contribuintes.

Este artigo do Público, que republicamos com a devida vénia, analisa algumas dívidas e imparidades associadas que exigem a recapitalização da CGD:


"Adivinhem quem lixou a Caixa

João Miguel Tavares

16/06/2016 - 00:15

Com Armando Vara, a Caixa transformou-se num imenso caldeirão onde os mais variados interesses se foram servir.

José Sócrates foi eleito primeiro-ministro em Março de 2005. Quatro meses e meio depois (Agosto de 2005) correu com o anterior presidente da Caixa Geral Depósitos, que não chegou a aquecer o lugar (Vítor Martins, 10 meses no cargo), e nomeou Armando Vara administrador, com a responsabilidade de gerir as participações financeiras da CGD em várias empresas estratégicas. Sete meses depois, a comunicação social anunciava que os seus poderes haviam sido “reforçados”. Cito o PÚBLICO de 9 de Março de 2006: “Armando Vara assumiu agora as direcções de particulares e de negócios das regiões de Lisboa e do Sul, assim como a direcção de empresas da zona Sul. Entre as suas competências estão ainda a coordenação das participações financeiras do banco público, EDP (4,78%), PT (4,58%), PT Multimédia (1,27%), BCP (2,11%) e Cimpor (1,55%).”

Vara permaneceu três anos como administrador da Caixa Geral de Depósitos, até sair em 2008 para a vice-presidência do Millenium BCP, com o dobro do salário, o sucesso que se conhece e um pedido de licença sem vencimento para poder continuar nos quadros da Caixa. Ainda em representação da CGD, Vara foi administrador não-executivo da PT, desempenhando um papel decisivo na oposição à OPA da Sonae em 2006, devido aos poderes mágicos da golden share. Justiça lhe seja feita: não se pode dizer que a CGD tenha sido um tacho para Armando Vara. Foi muito pior do que isso: a Caixa transformou-se num imenso caldeirão onde os mais variados interesses se foram servir, cabendo a Vara decidir quem enchia a gamela. (Ouvido no âmbito da Operação Marquês a propósito do empreendimento de Vale do Lobo, Armando Vara recusou tal ideia, tendo declarado que estas decisões nunca eram aprovadas por uma só pessoa, mas por um colectivo da CGD.)

E que gamelas encheu a Caixa nos últimos anos? O Correio da Manhã teve acesso a uma auditoria recente e revelou a lista dos maiores credores do banco. A lista está ordenada por exposição ao risco de crédito, mas eu prefiro ordená-la pelas imparidades já registadas — e aí o cenário é simultaneamente desolador e esclarecedor.

No topo da lista está o grupo Artlant, que tencionava construir em Sines um daqueles megaprojectos PIN pelos quais o engenheiro Sócrates se pelava: uma “unidade industrial de escala mundial” para a produção de 700.000 toneladas/ano de um componente do poliéster, que levaria à “consolidação do cluster petroquímico da região de Sines”, segundo um comunicado do Conselho de Ministros de Junho de 2007. José Sócrates chegou a lançar a primeira pedra em Março de 2008 e agora cabe-nos a nós apanhar os calhaus: 476 milhões de dívida, 214 milhões em imparidades.

Em segundo lugar (imparidades: 181 milhões; exposição: 271 milhões) estão as Auto-estradas Douro Litoral. São 79 quilómetros adjudicados em Dezembro de 2007 e cada milímetro de alcatrão deve hoje três euros e meio à CGD — ou seja, a mim e a si, caro leitor.

Em terceiro vem o famoso empreendimento de Vale do Lobo, o tal com o qual o Ministério Público está a tentar agarrar José Sócrates, e que tem uma astronómica dívida de 283 milhões (imparidades: 138 milhões). Segue-se um grupo imobiliário espanhol que não conheço (Reyal Urbis), mas que fiquei com muita vontade de conhecer, e dois nossos velhos conhecidos: o grupo Espírito Santo e o grupo Lena, todos com dívidas acima dos 200 milhões. Digam-me: com uma lista destas, alguém se espanta por a Caixa estar a precisar de quatro mil milhões? Eu não."


*


Contas por alto, só aqui temos mais de 1,6 mil milhões de dívidas enfiadas na contabilidade da CGD já associadas a enormes imparidades. No lugar do actual primeiro-ministro socialista eu também sentiria desconforto com a comissão parlamentar de inquérito proposta por Passos para obter esclarecimentos sobre o processo de recapitalização e a gestão do banco público desde o ano 2000.

A opinião dos outros:

OldVic
Gestor de grupos de herbívoros 16/06/2016 07:53
Uma das coisas que mais irrita nesta questão é a conversa fiada de todos os que andaram a criticar o sector financeiro privado e a recomendar nacionalizações enquanto este desastre silencioso se desenrolava nas nossas costas no “exemplar” banco público. E, aparentemente, ele tem que continuar a ser público, seja qual for o custo dessa “honra”. Está mais do que demonstrado que merecemos o país que somos.
  • Liberal
    Lisboa 16/06/2016 13:00
    Não percebe amigo OldVic, é público logo é bom, faz muita falta (aos Varas de certeza), é uma "referência", estabiliza o sistema financeiro, regula os mercados, permite intervenções... Melhor só Deus!

Francisco Tavora
Lisbon, Portugal - Lisbon, Portugal 16/06/2016 18:49
O artigo não está completo. Faltou mencionar que a passagem de Vara para o BCP foi acompanhada de um empréstimo da CGD à Investifino para comprar acções do BCP, dando como garantia do empréstimo as próprias acções que a Investifino comprou com o dinheiro emprestado. Esse negócio, necessário para assegurar o apoio a Vara no BCP, também deixou uma monumental imparidade.


domingo, 5 de junho de 2016

As causas de morte dos portugueses conforme a idade


Recentes estatísticas divulgadas pelo INE mostram que a percentagem de mortes relacionadas com os sistemas circulatório ou respiratório aumentam com a idade. Já o mesmo não acontece com os óbitos provocados por cancros.

Um destaque do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que as doenças do sistema circulatório causaram 30,7% dos óbitos registados em 2014 (mais 2,4% do que em 2013). Devido a este conjunto de doenças morreu-se com uma idade média de 80,8 anos (81,3 em 2013).

A segunda causa de morte no país são os tumores malignos: originaram 24,9% dos óbitos, o que corresponde a um aumento de 1,2% face a 2013. Este conjunto de causas continua a ser fatal em idades mais prematuras — idade média ao óbito de 72,7 anos. E os tratamentos levam muitos doentes oncológicos a desenvolver doenças cardiovasculares, ficando os óbitos registados nessa causa.

Em 2014, reduziram-se as mortes devidas a doenças do aparelho respiratório (-3,7% face a 2013) e as causadas por diabetes mellitus (-6,0%).

Em 2014, ocorreram 1223 suicídios o que significa um aumento de 16,1% face a 2013.


O Negócios registou em gráfico a distribuição das causas de morte em Portugal pelos escalões etários:





Em Espanha, a distribuição etária das doenças é semelhante: