domingo, 23 de dezembro de 2012

BPN, o buraco negro


23.12.2012 10:59

Impressionante o desfilar, na reportagem da SIC, dos montantes dos empréstimos concedidos pelo BPN a diversos clientes que foram enfiados nas três empresas veículo do "mau banco" — Parvalorem (4 mil milhões de euros), Parups (1,5 mil milhões) e Parparticipada (150 milhões) — e vão a caminho do contencioso por incumprimento.

Impressionante o método: a SLN vendia as acções aos clientes, depois recomprava-as com valorizações e os clientes "pagavam" os empréstimos.

Impressionante a lista de empresas devedoras: a Casa do Douro, a CNE - Cimentos Nacionais e Estrangeiros, o Vitória Futebol Clube, o Boavista Futebol Clube, ... , e a própria SLN (1000 milhões de euros), dona do BPN, que entretanto mudou o nome para Galilei.

Impressionante a lista de figuras públicas: Oliveira e Costa, Luís Caprichoso, Arlindo de Carvalho, Dias Loureiro, Duarte Lima, Almerindo Duarte, Joaquim Coimbra, Fernando Fantasia, Cardoso Cunha, o arquitecto do Freeport Capinha Lopes, ...
Muitos deles ministros, secretários de Estado, líderes parlamentares e figuras gradas do PSD durante os governos de Cavaco Silva e membros da comissão de honra da sua candidatura a Belém.

Como é possível que dois milhões de eleitores tenham escolhido para presidente da República Portuguesa uma pessoa que, no mínimo, não sabe escolher os seus colaboradores e faz investimentos ao arrepio da ética?
Sendo verdade que os outros candidatos também vieram a revelar inadequação para o cargo, não teria sido preferível termos anulado os boletins de voto?

E o então governador do Banco de Portugal, o socialista Vítor Constâncio, por que razão não apoiou o vice-presidente António Marta que pretendia fiscalizar o BPN?

É que a maior fraude alguma vez perpetrada no nosso pobre país criou um buraco negro que vai ascender a 7 mil milhões de euros, quase o dobro do corte de quatro mil milhões na despesa pública exigido pela troika a partir de 2014.
E dizia Teixeira dos Santos, o ministro das Finanças de José Sócrates, que a nacionalização do BPN, em Novembro de 2008, não prejudicaria os interesses do Estado ou dos contribuintes...


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